LUCAS RODRIGUES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
O servidor Alexandre Batistela, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), afirmou que a vistoria feita na área de terra de R$ 7 milhões comprada pelo Estado apresentou "divergências gritantes" em relação à área que realmente existia no local.
A declaração foi dada durante audiência da ação penal derivada da Operação Seven. As oitivas ocorrem na tarde desta terça-feira (20) e são conduzidas pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
"Nesse levantamento que a gente fez não foi possível constatar as matrículas no chão. As divergências eram gritantes. Até um técnico do Intermat também constatou que não dava para desvendar essas matrículas", disse.
As divergências eram gritantes. Até um técnico do Intermat também constatou que não dava para desvendar essas matrículas
Além de Batistela, também devem depor: o ex-presidente da extinta Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEMA), Frederico Guilherme de Moura Muller, e o empresário Filinto Corrêa da Costa Júnior, réu da ação e filho do médico e ex-secretário de Estado Filinto Corrêa da Costa.
A ação penal da Seven apura suposto esquema que teria causado prejuízo de R$ 7 milhões aos cofres públicos, por meio da compra, pelo Estado, de uma área rural de 727 hectares na região do Manso.
A área já pertenceria ao Estado e foi adquirida novamente do médico Filinto Corrêa com preço superfaturado de R$ 4 milhões.
O valor supostamente desviado teria sido distribuído aos integrantes da organização criminosa e "lavado" para esconder a origem ilícita do dinheiro.
Ainda estão previstas as oitivas das seguintes testemunhas: José Vitor da Cunha Gargaglione, Luis Fernandos Pinto Barcelos, Rizzo Lopes Galvão, Marcos Cury Roder, Alexandre Batistela, Jurandi Benedito de Arruda, Elton Antonio Silveira.
Veja como foi a audiência:
Vistoria na área (atualizada às 14h27)
O promotor de Justiça Marcos Bulhões questiona Alexandre Batistela sobre a vistoria feita na área de terra comprada pelo Estado. Tal vistoria, segundo a denúncia, originou as suspeitas de fraude levantadas em auditoria realizada pela Controladoria Geral do Estado.
"Eu fiz uma vistoria in loco no local junto com o Celso, a gente dividiu o trabalho em cinco partes. A primeira foi a vistoria da área, se a área estava ou não ali. Outro trabalho foi o levantamento de dados secundários. Todos esses documentos foram enviados para o Gaeco. Depois, a auditagem e geolocalização das matriculas. Posteriormente, a produção de mapas temáticos, e, por fim, levantamento da confecção do laudo".
A terra foi paga pelo Estado, atraves do Intermat, e isso não é normal de ocorrer
"Nesse levantamento que a gente fez não foi possível constatar as matrículas no chão. As divergências eram gritantes. Até um técnico do Intermat também constatou que não dava para desvendar essas matriculas", disse.
Problemas nas matrículas (atualizada às 14h34)
Alexandre Batistela também relatou que a área de terra não poderia ter sido vendida por Filinto Corrêa, pois não estava apenas no nome dele.
"Há um problema nas matrículas que a 1063 não estava só no nome de um Filinto. Estava no nome de um condominio também. Por isso a compra não poderia ter sido feita. Uma outra matrícula estava no nome do Filinto e da esposa dele, e me parece que foi o Filinto que assinou pela esposa".
"Não há registro de nenhuma audiência pública do decreto que autorizou a compra da área. A terra foi paga pelo Estado, atraves do Intermat, e isso não é normal de ocorrer".
Informações não batem (atualizada às 14h44)
O servidor da Sema colocou em xeque os dados fornecidos pelo médico Filinto Corrêa, que atestou a legalidade das transações.
"As informações passadas pelo Filinto não batem com os estudos técnicos. Se objetivo da compra da área era preservar o Rio Cuiabá, deveria ter sido comprada a área que fica em cima do terreno do Filinto, porque a área do Filinto tem menos nascente do que o ideal".
Mais informações em instantes
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.