ARIELLY BARTH
DA REDAÇÃO
A investigação sobre a morte do advogado Roberto Zampieri - que completa 1 ano nesta quinta-feira (5) - acabou revelando um amplo esquema de corrupção no Judiciário Mato-grossense e até em cortes superiores. Tudo começou à partir da apreensão do celular do advogado pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), que buscava no aparelho informações que pudessem levar a descobrir o crime.
Responsável pelo caso, o juiz Wladymir Perri, então titular da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, promoveu o deslacre do aparelho sem a presença de demais autoridades, como Polícia Civil e Ministério Público. O caso foi reportado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), já que naquele momento, as investigações já apontavam crimes cometidos por juízes e desembargadores em conluio com o advogado assassinado.
Informações cruciais, com o conteúdo do seu celular sendo periciado pela Polícia Federal. As análises apontaram que Zampieri era um forte lobista no Judiciário Estadual com acesso fácil a magistrados e servidores do Poder. Foi descoberto que ele 'negociava' sentenças nas causas em que atuava ou em prol de terceiros, desde que amparada em pagamentos substanciais.
Cerca de cinco mil conversas foram recuperadas, o que levou ao afastamento de dois desembargadores de Mato Grosso, cinco de Mato Grosso do Sul e do juiz da Comarca de Vila Rica.
Essas investigações deram origem a diversas operações e determinações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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Em agosto, os desembargadores, Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do TJMT, foram afastados por suspeitas de envolvimento em venda de sentenças. Durante o período de 14/06/2023 a 05/12/2023 (data da morte do advogado), Sebastião trocou aproximadamente 768 mensagens com Zampieri, abordando temas como futebol, piadas políticas, frases de autoajuda e relatos de rotinas e informações de sentenças, demonstrando uma relação próxima de amizade.
A operação "Último Ratio", deflagrada em outubro por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), resultou no afastamento dos desembargadores de Mato Grosso do Sul: Alexandre Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Sérgio Fernandes Martins (presidente do TJMS), Sideni Soncini Pimentel (presidente eleito para 2025/2026) e Vladimir Abreu da Silva (vice-presidente eleito).
Ainda em outubro, o CNJ determinou o afastamento do juiz de direito Ivan Lúcio Amarante, da Comarca de Vila Rica, após a descoberta de seu envolvimento com práticas ilícitas, com base em registros encontrados no celular de Zampieri.
No final de novembro, foi deflagrada a Operação Sisamnes, determinada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pela tramitação do caso. A operação resultou na prisão preventiva do empresário e lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e em 23 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal.
Os desembargadores afastados Sebastião Moraes Filho e João Ferreira Filho também foram alvos da operação, com as residências e gabinetes de ambos no TJMT sendo alvo de diligências da Polícia Federal. Além disso, eles estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica.
Advogados e servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) também foram alvos desta fase da operação.
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