LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O advogado Bento Epifânio da Silva Filho entrou com um pedido na 1ª Vara Criminal da Comarca de Várzea Grande para que o ex-gerente do garimpo da Fazenda Ajuricaba, mencionado apenas como I.C, receba proteção policial, juntamente com sua família.
O juízo ainda não se manifestou sobre o caso, mas os Ministérios Públicos Federal e Estadual não concederam o benefício.
Segundo o advogado, I.C acredita que um dos sócios da fazenda, o empresário Valdinei Mauro de Souza, o estaria ameaçando por motivos pessoais. A testemunha ainda afirmou que o assalto na fazenda localizada em Várzea Grande, seguido de um atentado a tiros contra o carro onde estavam os empresários Wanderley Torres e Valdinei Souza, ocorrido em abril do ano passado, não passou de uma “armação” para afastá-lo do cargo e incriminar o empresário Filadelfo dos Reis dias.
Suposta intimidação
Conforme consta na denúncia, I.C trabalhou por mais de 12 anos como funcionário de confiança de Wanderley Torres, dono da Construtora Trimec.
Desde 2012, passou a trabalhar na fazenda com o empresário Valdinei Souza, conhecido como “Nei”, que, segundo ele, não queria que I.C prestasse contas da extração do ouro nem a Wanderley Torres nem aos demais sócios - Antônio Barbosa, irmão do governador Silval Barbosa e Mauro Mendes, atual prefeito de Cuiabá - o que gerou atritos entre ambos, de acordo com os autos.
Após o assalto à fazenda, em que I.C teria sido o único funcionário agredido pelos bandidos, a testemunha notou que, na hora de prestar depoimento, funcionários de Valdinei que sequer estavam no local do crime estavam a depor para o reconhecimento dos assaltantes.
“Hoje eu entendo de outra forma, que na verdade esse crime foi tudo armado pela pessoa de Ney, juntamente com seus sócios, Mauro Mendes e Toninho irmão do governador, com o objetivo de me amedrontar, me espancar e me afastar do garimpo”, diz trecho do B.O feito por I.C.
Posteriormente, I.C foi demitido da fazenda, sob a alegação de que havia cometido assédio sexual contra uma cozinheira, o que a testemunha também atribuiu a uma farsa montada por Valdinei para tentar intimidá-lo.
A testemunha teria falado com a cozinheira, que, na ocasião, negou os fatos e registrou Boletim de Ocorrência para inocentar I.C.
Após ter comentado a outras pessoas sobre sua desconfiança, a testemunha recebeu a ligação de um dos funcionários de Valdinei, para que voltasse ao cargo, o que foi interpretado como uma “ameaça velada”.
“O depoente por saber detalhes sobre a verdade do que aconteceu, precisa ser “calado”, e em razão disso se sente ameaçado, uma vez que sabe que sua morte seria conveniente para esses poderosos”, relata no Boletim de Ocorrência lavrado em agosto.
Outro lado
O MPF declinou da legitimidade para acatar o pleito.
O promotor Luciano Freiria |
Já o promotor de Justiça Luciano Freiria de Oliveira, da 7ª Promotoria de Justiça Criminal de Várzea Grande, se manifestou por não opinar, alegando que os fatos trazidos aos autos não são suficientes para que I.C fosse incluído no Programa de Proteção à Testemunnha. O promotor ainda pediu que "a defesa da testemunha comparecesse ao Ministério Público para trazer elementos mais contundentes". Fato que, segundo Luciano Freiria, não aconteceu.
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