LISLAINE DOS ANJOS
DO MIDIANEWS
O Tribunal de Justiça suspendeu o interrogatório que o secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), Jean Estevam Campos de Oliveira, faria ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra do Crime Organizado), nesta quarta-feira (07).
Ele é um dos investigados pela “Operação Arqueiro”, que apura possíveis irregularidades e fraudes em contratos da secretaria com os institutos Concluir e Instituto de Desenvolvimento Humano (IDH). Juntos, as duas entidades receberam, em dois anos, cerca de R$ 25 milhões.
A decisão de suspender o interrogatório foi da desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho, que acatou a um pedido da defesa do secretário Jean Estevam.
O secretário alegou que não teve acesso ao conteúdo da investigação, como no caso das interceptações telefônicas e quebra de sigilos bancário e fiscal realizados pelo Gaeco, com ordem judicial.
Ao tomar conhecimento da decisão do Tribunal de Justiça, o promotor de Justiça Arnaldo Justino da Silva, do Gaeco, decidiu, administrativamente, suspender todos os interrogatórios agendados.
“Decido estender os efeitos da referida decisão a todos os investigados no Procedimento Investigatório Crimininal em epígrafe, evitando futuras alegações de nulidade”, disse o promotor, em despacho.
“Assim, tão logo os investigados tenham acesso aos aludidos documentos, será marcada data e hora a realização dos respectivos interrogatórios”, decidiu o promotor.
Entre os que deveriam depor nesta semana ao Gaeco estão, além do secretário da Setas, a secretária-adjunta de Trabalho e Emprego da Setas, Vanessa Rosin; o secretário-adjunto de Assuntos Comunitários da Setas, Benjamin Franklin; e o empresário Paulo Lemes, que comandaria os dois institutos alvos da investigação.
Primeira-dama
Além de depoimentos, o Gaeco também segue analisando os documentos e computadores apreendidos, após seis horas de buscas na sede da Setas, no último dia 29.
Segundo apurou a reportagem, o Gaeco não descarta a possibilidade de convocar a primeira-dama do Estado, Roseli Barbosa, para depor.
Ela comandou a Setas de abril de 2010 a fevereiro de 2014, período em que os contratos foram assinados.
Operação Arqueiro
A operação “Arqueiro” foi desencadeada pelo Ministério Público com o objetivo de apurar a existência de provável conluio entre servidores lotados na Setas e os institutos Microlins, Instituto de Desenvolvimento Humano (IDH) e Concluir para fraudes em licitações e convênios.
As investigações começaram após a divulgação de erros grotescos em apostilas que estavam sendo utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo promovido pelo Governo do Estado.
Segundo o MPE, nos últimos dois anos, as empresas receberam do Estado quase R$ 20 milhões para executar programas sociais referentes ao “Qualifica Mato Grosso”, “Copa em Ação”, entre outros.
Para obterem êxito nas contratações, nomes de “laranjas” foram utilizados pelos fraudadores. A qualidade dos cursos oferecidos também está sendo questionada.
De acordo com a fonte do Gaeco, até o momento, os depoimentos têm confirmado a tese sustentada na investigação de que Lemes seria dono dos três institutos investigados – IDH e Concluir – e foram usados para obtenção de contratos milionários com o Governo.
Conforme o Gaeco, a investigação deverá comprovar se o único crime cometido foi o de falsidade ideológica, com o propósito de vencer as licitações sem risco de concorrência, ou se também houve peculato (desvio de dinheiro público).
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.