CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO
O juiz Geraldo Fidelis, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, marcou para o dia 2 de agosto uma audiência de justificação para que o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro preste esclarecimentos sobre denúncias de que estaria reincidindo no jogo do bicho. A decisão é do dia 18 de julho.
A decisão leva em conta uma denúncia apócrifa que foi anexada aos autos, dando conta de que Arcanjo voltado a atuar na atividade.
No início deste mês, a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) desmontou umas das centrais do jogo do bicho em Cuiabá. Entre os itens apreendidos, foram encontradas anotações com nomes do filho e da ex-mulher do ex-bicheiro.
Na decisão, o juiz encaminha pedido para que a GCCO investigue a denúncia.
“Ainda em razão de as notícias trazidas nos autos tratarem-se de crimes, em tese, extraia-se cópias das aludidas petições e documentos que as acompanharam, enviando-as, mediante ofício, ao GCCO, para apuração”, consta em decisão.
Acho muito prematuro falar na prisão dele. Temos que ter provas mais consistentes e por isso é importante o GCCO investigar
Em conversa com a reportagem do MidiaNews, o juiz Geraldo Fidelis esclareceu que prematuro afirmar que o ex-bicheiro pode retornar à prisão por conta da denúncia.
“Acho muito prematuro falar na prisão dele. Temos que ter provas mais consistentes e por isso é importante a GCCO investigar. E eventualmente, se ficar comprovado o fato, tem que haver a denuncia, e então a possível prisão”, afirma o juiz.
O delegado Luiz Henrique Damasceno, responsável pela investigação, disse que ainda não recebeu a notificação do magistrado. No entanto, afirma que neste caso não há nada que ligue o João Arcanjo ao jogo do bicho.
“Estamos apurando, mas por enquanto a gente não tem nada que ligue o Arcanjo a esse fato. Precisa surgir alguma denúncia nova para a gente apurar”, disse o delegado.
A reportagem entrou em contato com o advogado Zaid Arbid, que defende Arcanjo, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
Reinado
Arcanjo comandou o jogo do bicho por décadas na Capital.
Em ação realizada pela GCCO no dia 10 dia de julho, foram detidos quatro homens e 50 máquinas usadas em apostas em Cuiabá.
Anotações em um envelope com os nomes do filho de Arcanjo, João Arcanjo Ribeiro Filho, e da ex-mulher dele, Silvia Chirata, também foram encontradas pelos policias.
Em depoimento, um dos detidos afirmou que as máquinas apreendidas pertenceriam a um homem que trabalha para empresa Colibri.
A marca Colibri, que pertencia a Arcanjo, ficou conhecida nos anos 90 com o jogo do bicho.
Condenações
João Arcanjo foi solto em fevereiro de 2018 após ficar 15 anos na prisão. Ele foi condenado pelo assassinato do empresário Sávio Brandão, dono do jornal Folha do Estado (já extinto), entre os outros crimes.
Atualmente, o ex-bicheiro - que está em regime semi-aberto - trabalha em um lava jato que pertence a ele, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (do CPA), durante o dia, e retorna à sua casa, no bairro Boa Esperança, a noite.
Ele foi considerado o chefe do crime organizado, nas décadas de 80 e 90 em Mato Grosso. Foi condenado por crimes que vão de assassinatos a lavagem de dinheiro e contrabando.
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