NATUZA NERY / JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
FOLHA.COM
Com apoio do Palácio do Planalto, os deputados e senadores governistas da CPI do Cachoeira farão nova ofensiva na tentativa de levar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao palco da investigação parlamentar.
Desta vez, porém, integrantes da comissão estão prontos para convocá-lo, o que deve ocorrer em breve. Segundo a Folha apurou, a operação conta com o aval do governo que, assim como o PT, reprova a conduta do procurador.
Nos bastidores, ministros e petistas questionam o fato de Roberto Gurgel não ter aberto nenhum procedimento contra o senador Demóstenes Torres (GO) em 2009, ano em que recebeu o inquérito da operação Vegas da Polícia Federal. Ocorre que o procurador não fez a denúncia nem pediu novas diligências à PF para elucidar a participação do senador.
A operação Monte Carlo, que desmantelou o esquema Cachoeira no início deste ano e prendeu 34 envolvidos, é justamente um desdobramento da Vegas.
Anteontem, Gurgel recusou um convite para falar do caso na CPI. Disse estar impedido de prestar depoimento na comissão porque não pode se tornar testemunha no processo. Sobre não ter tocado o processo contra Demóstenes, alega que, em 2009, não havia elementos suficientes para levar o caso adiante.
Ontem, Gurgel buscou apoio de parlamentares da oposição para tentar barrar a pressão da bancada governista. Pela manhã, recebeu em seu gabinete os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) e Álvaro Dias, líder tucano no Senado, durante cerca de uma hora.
À tarde, já no Senado, numa demonstração de que o apelo surtiu efeito, Álvaro Dias combateu a pressão pela presença de Gurgel na CPI, defendendo que isso poderia prejudicar as funções do procurador.
Segundo a assessoria técnica da CPI, mesmo que convocado, Gurgel pode recorrer ao Supremo para não ter de comparecer à comissão.
O procurador-geral, conforme a Folha apurou, teme o que classifica como estratégia do PT de usar a CPI como instrumento para tentar constrangê-lo. Seria uma retaliação contra a atuação dele no processo do mensalão, que deve ser julgado neste ano pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.