MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Reprodução

Área de Preservanção Ambiental dos Meandros do Rio Araguaia tem 357 mil hectares e protege espécies como a tartaruga-da-amazônia e o boto-cinza
Dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apontam que a Área de Preservação Ambiental (APA) dos Meandros do Rio Araguaia teve 2,3 mil hectares de vegetação destruídos ilegalmente apenas em 2022. Desse total, 1 mil hectares teriam sido derrubados na fazenda de uma empresa ligada ao Grupo Equatorial, do setor de seguros.
O ICMBio liberou os dados dos autos de infração de todas as unidades de conservação sob sua proteção. O Midiajur analisou as informações da APA Meandros do Rio Araguaia, onde o órgão registrou infrações ambientais em 4,7 mil hectares desde 2013.
O ano de 2022 é o que possui maior registro de áreas com danos ambientais, seguido pelo ano de 2017, com 1,6 mil hectares de destruição registrada.
Leia mais:
Operação Amazônia desmobiliza extração ilegal de madeira na Estação Ecológica Rio Ronuro
Mês de agosto é o mais quente dos últimos 62 anos em Cuiabá; especialistas apontam ação humana
A APA Meandros do Rio Araguaia fica parte em Mato Grosso e parte em Goiás e Tocantins. A unidade protege espécies ameaçadas como a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), o boto-cinza (Sotalia fluviatilis), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o veado-Campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o bugio (Alouatta fusca), a lontra (Lutra Iongicaudis), a jaguatirica (Leopardus pardalis), onça-pintada (Panthera onca) e o jacaré-açu (Melanosuchus niger).
No território mato-grossense fica a maior porção, 77% da área de proteção, no município de Cocalinho. Foi nessa cidade que o ICMBio registrou danos ambientais na fazenda Canoeiro, registrada em nome de uma empresa ligada ao Grupo Equatorial, do setor de seguros.
A área registrada em nome da MFX Investimentos e Participações Ltda. A propriedade tem um total de 6,1 mil hectares, segundo o registro público do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que ainda não foi homologado.
A MFX faz parte do grupo empresarial composto por Aldo, Frederico, Daniel e Mariana Faleiro. O Grupo Equatorial atua na área de seguros e previdência privada e possui investimentos em outros setores, incluindo a fazenda em Mato Grosso.
Os dados abertos do ICMBio apontam que a área foi embargada em 21 de agosto de 2022 por "infrações contra a flora". Os fiscais do ICMBio embargaram duas áreas diferentes, de 366,4 hectares e de 630,25 hectares, ambas na mesma propriedade.
A área menor teria sido desmatada ilegalmente, sem autorização de órgão competente. Já na área maior, de 630 hectares, o ICMBio aponta que a vegetação teria sido destruída com uso de fogo, também sem autorização para tal.
Os dados do ICMBio mostram que o segundo maior volume de área destruída em 2022 foi imputada ao empresário Guido Jurca Neto. Fooram 903,5 hectares em dois embargos aplicados pelo órgão.
Segundo o ICMBIo, foi feito corte raso, ou seja, desmatamento de 171,2 hectares no interior da unidade de conservação, em um trecho em que a APA Meandros do Rio Araguaia se sobrepõe ao Refúgio de Vida Silvestre Corixao da Mata Azul. O desmate não tinha autorização para acontecer.
Na mesma data, em 21 de agosto de 2022, fiscais do ICMBio também identificaram a destruição de 732,3 hectares de vegetação nativa com uso de fogo, também sem autorização dos órgãos responsáveis.
A reportagem tentou contato com os responsáveis pela MFX Investimentos e Participações Ltda por e-mail do Grupo Equatorial, mas não houve retorno. O Midiajur não conseguiu contato de Guido Jurca Neto. Em ambos os casos, o espaço segue aberto.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.