DO ÚLTIMA INSTÂNCIA
Os trabalhadores do setor de aviação não aceitaram a proposta de reajuste salarial apresentada nesta segunda-feira (19/12) pelos representantes das empresas aeroviárias e podem entrar em greve na próxima quinta-feira (22/12). Em audiência de conciliação mediada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), as empresas apresentaram proposta de reajuste compatível com a inflação oficial, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), de 6,17%, mas os empregados querem aumento salarial de 7%.
A greve está marcada para começar às 23h do dia 22 de dezembro, se não houver acordo até lá. Os sindicatos dos trabalhadores se comprometeram a manter 20% dos funcionários em atividade, como prevê a legislação.
A reunião contou com a participação de representantes dos sindicatos dos Aeronautas e Aeroviários e do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias). No início das negociações, os trabalhadores pediam um reajuste de 13%, e as empresas só ofereciam 3%.
Além do aumento de 7%, os aeroviários (pessoal de terra) e aeronautas (que trabalham embarcados) pediram a fixação do piso de R$ 1.100 para os operadores de equipamentos, mas as empresas só aceitaram estabelecer o piso de R$ 1 mil. As empresas e os trabalhadores chegaram a um acordo em relação ao aumento de 10% no piso da categoria, no vale refeição e na cesta básica.
As empresas alegam que não podem oferecer um reajuste maior que o da inflação oficial, mas os trabalhadores dizem que os dados oficiais mostram que existem condições financeiras para conceder um aumento maior.
“Vamos levar a decisão para assembleia, mas os aeroviários já deixaram claro que se não fossem atendidas as suas reivindicações a greve estaria mantida”, disse a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino. Para ela, as partes não chegaram a um acordo por causa da ganância das empresas. “É inconcebível que se tenha um setor com tanta pujança e com trabalhadores tão sacrificados e com salários tão baixos como na aviação”, afirmou.
O representante do Snea nas negociações, Odilon Junqueira, alegou que as empresas sempre deixaram claro que neste ano não poderia ser concedido aumento real aos trabalhadores por causa das condições econômicas. “Se elas não dão aumento real neste ano não é por capricho, é por uma questão de responsabilidade. As empresas não podem ficar reféns todos os anos de uma ameaça de greve para conceder os reajustes que a categoria quer”.
O procurador do MPT Ricardo José Macedo de Britto Pereira fez um apelo para que as partes cheguem a um acordo para evitar transtornos aos passageiros nas viagens de fim de ano. “A sociedade também quer ver respeitado seu direito de se deslocar neste período”, afirmou.
Por causa da falta de entendimento, o dissídio da categoria deverá ir a julgamento na Seção de Dissídios Coletivos do TST, formada por nove ministros, mas apenas em fevereiro, quando terminam as férias coletivas do Tribunal. A ministra Cristina Peduzzi, que conduziu a audiência, alertou que a paralisação não poderá alcançar toda a categoria, e que os trabalhadores devem se organizar para prestar os serviços à população.
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