LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O ministro Reynaldo Soares Fonseca, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), manteve o trancamento da ação penal instaurada contra Marcelo Massuru Takahashi, diretor financeiro do Grupo Dias, pertencente ao empresário Filadelfo dos Reis Dias.
A decisão, proferida no dia 29 de fevereiro, negou seguimento a um recurso do Ministério Público Estadual (MPE).
Ambos foram alvos da Operação Tentáculos, em 2013. Filadelfo também teve a ação contra si trancada, em 2014 e, com isso, o processo contra eles será arquivado.
Takahashi era acusado de ter planejado, a mando de Filadelfo Dias, a tentativa de homicídio contra os empresários Wanderlei Torres, dono da Construtora Trimec, e Valdinei Mauro de Souza, sócio do prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), em janeiro de 2012.
Segundo o MPE, eles teriam contratado seis pistoleiros para executar os rivais. O motivo da suposta desavença seria a disputa da Fazenda Ajuricaba, em Várzea Grande, rica em minérios e pedras preciosas.
A propriedade, de acordo com as investigações do MPE, era de interesse de Filadelfo, porém, Valdinei, seu ex-sócio, preferiu fechar negócio com Wanderlei Torres e Mauro Mendes.
Trancamento da ação
Em agosto de 2014, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) atendeu habeas corpus impetrado pelo advogado Eduardo Mahon e trancou a ação contra Takahash.
Na ocasião, a câmara averiguou que as interceptações telefônicas captadas pela Polícia Civil não incriminavam o diretor financeiro.
O relator do caso, desembargador Rondon Bassil, destacou que os diálogos degravados tratam apenas de assuntos familiares e profissionais, “sendo, a única fala destoante, aquela que o investigador faz menção, porém como o próprio agente estatal noticiou no seu relatório, não guarda pertinência com os crimes apurados no feito correlato”.
O MPE recorreu da decisão ao STJ sob o argumento de que a corte mato-grossense trancou a ação penal mesmo com a existência de “elementos que apontam indícios de autoria e materialidade quanto aos fatos narrados na denúncia”.
Já o ministro Reynaldo Fonseca refutou o argumento e explicou que a ação penal foi trancada pelo TJ-MT em razão da ausência de indícios mínimos que justificassem o prosseguimento do processo.
Ele ainda reiterou que, para rever o entendimento do TJ-MT, seria necessário a reanálise das provas do caso, o que é vedado neste tipo de recurso.
“Ante o exposto, com fundamento no art. 557, caput, do CPC, nego seguimento ao recurso especial”, decidiu.
Segundo o advogado Eduardo Mahon, a decisão do ministro confirma que não há qualquer indício de que seu cliente tenha participado do crime.
"Esse é um dos muitos casos de denúncia vazia, de motivação persecutória, que cai por terra diante de um Judiciário equilibrado e imparcial", afirmou.
Operação Tentáculos
Conforme a denúncia do MPE, a primeira ameaça de morte que Filadelfo teria feito a Valdinei teria ocorrido ainda em janeiro de 2012, meses depois da sociedade entre eles se desfazer. A partir daí, Valdinei resolveu comprar um veículo blindado.
Em abril do mesmo ano, a vítima fez um novo negócio, desta vez com Wanderlei e com o hoje prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB). Na ocasião, eles compraram a Fazenda Ajuricaba, propriedade na qual Filadelfo também estaria interessado.
Neste mesmo mês, então, Filadelfo e Marcelo teriam contratado João Paulo Pereira, Josinei Moreira de Araújo, José de Oliveira Campos, Gelfe Rodrigues de Souza Júnior, André de Souza Neves para executar o crime.
Eles teriam seguido Valdinei e Wanderlei dentro da propriedade e efetuados ao menos 30 disparos, que só não atingiram as vítimas graças à blindagem do carro. Os executores da tentativa de homicídio ainda teriam roubado cerca de 100 quilos de ouro bruto, aparelhos celulares, um detector de metal e outros pertences.
Leia mais:
Ação penal contra co-réu, Marcelo Massaru, é trancada
Justiça arquiva processo contra Filadelfo Dias
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.