Da Redação
O mais novo inventário de borboletas registradas no Cristalino Lodge localizado na região sul da Amazônia, às margens do rio Cristalino, e associado as quatro RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) Cristalino foi publicado na revista científica Biota Neotrópica em novembro deste ano.
Uma equipe de pesquisadores em parceria com fotógrafos que visitaram uma das áreas mais biodiversas da Amazônia de Mato Grosso resultou na primeira lista de borboletas de uma localidade brasileira a ultrapassar 1000 espécies. Ao todo, foram 1010 espécies registradas, quase 30% das borboletas de todo o Brasil e mais do que o dobro de toda a Europa.
O levantamento foi coordenado pela bióloga Luísa Mota, do Departamento de Biologia Animal e Museu de Diversidade Biológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que durante um ano morou nas RPPNs e pesquisou as borboletas em seu Doutorado, com o apoio logístico da Fundação Ecológica Cristalino e o Cristalino Lodge e acaba de publicar os resultados na revista Biota Neotropica juntamente com outros 13 autores.
Há quase 20 anos, o Cristalino Lodge sempre atraiu a atenção de pesquisadores e observadores de borboletas, resultando em um grande número de fotografias desses animais publicadas em livros ou na internet, além das coletadas durante as expedições científicos.
“Essa região se mostrou mais rica em espécies do que outras na Amazônia central e na Mata Atlântica, sendo mais uma demonstração da importância do sul da Amazônia. Vale lembrar que, enquanto as RPPNs estudadas estão protegidas, outras áreas muito próximas, incluindo o Parque Estadual Cristalino, estão ameaçadas. É crucial que o sul da Amazônia seja conservado para que sua biodiversidade não seja perdida”, defendeu Luísa Mota.
Em todo o mundo, estima-se que existam cerca de 17500 espécies de borboletas. No entanto, essa diversidade não está distribuída de forma homogênea: Enquanto, na Europa, encontram-se menos de 500 espécies, há algumas localidades conhecidas no oeste da Amazônia, como algumas reservas no Peru, que possuem mais de 1000 espécies registradas.
A própria Amazônia é muito grande (mais de 4000000km² só no Brasil) e heterogênea, e diferentes regiões dentro dela possuem espécies distintas e em números diferentes. “Saber quantas e quais espécies existem em várias localidades é importante para se entender padrões de diversidade e guiar políticas de conservação – o que é especialmente relevante considerando as ameaças que o bioma vem sofrendo, como desmatamento e mudanças no regime de chuvas”, explica a bióloga.
Na Amazônia brasileira, infelizmente, ainda existem poucos inventários locais de espécies de borboletas publicados. Uma das dificuldades para se fazer um inventário desses é que a maioria das espécies amazônicas é rara, e é necessário um estudo muito longo para encontrá-las. Como muitas localidades na Amazônia são de difícil acesso, as expedições científicas costumam não durar tempo suficiente para isso.
“A ciência cidadã e o ecoturismo podem ser grandes aliados no estudo das borboletas da Amazônia. O local atraiu a atenção de pesquisadores e observadores de borboletas, resultando em um grande número de fotografias desses animais publicadas em livros ou na internet, além das coletadas durante as expedições científicos”.
A lista de espécies foi feita com a combinação desses dados. As imagens foram cuidadosamente procuradas e curadas da internet e outras fontes, e tanto as fotografias quanto as borboletas coletadas foram identificadas por especialistas para se saber quais as espécies presentes na região.
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