Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2025
icon-weather
instagram.png facebook.png twitter.png whatsapp.png
Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2025
icon-weather
Midia Jur
af7830227a0edd7a60dad3a4db0324ab_2.png

OPINIÃO Terça-feira, 07 de Fevereiro de 2012, 17:03 - A | A

07 de Fevereiro de 2012, 17h:03 - A | A

OPINIÃO / RICARDO GIULIANI NETO

Bunkers, praia e polícias militares

Não é normal que a Força Nacional de Segurança tenha que intervir num Estado da Federação

RICARDO GIULIANI NETO



A chamada no jornal foi mais ou menos assim: enquanto os policiais militares da Bahia aquartelavam-se num bunker na Assembleia Legislativa, as praias de Salvador lotavam.

Uma dezena de mandados de prisão expedidos contra grevistas policiais militares e mais de 80 homicídios cometidos, contra uma média não superior a 30 para o período – em dias “normais”, como se o assassinato de 30 pessoas fosse algo normal – não pode ser cotejado com praias cheias em Salvador. O Governador da Bahia afirmou a participação de policiais em saques e noutras coisas inconfessáveis, e as praias seguem lotadas? Ora, não sei se bem entendi, ou se não entendi, a ironia do jornal.

Mas isso não interessa. É hora de puxarmos pela memória recente. Relembremos as manifestações de policiais militares nas Alagoas, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Rio de janeiro. Isso, por si só, já seria suficiente para deixar-nos de cabelos em pé. Estamos falando de servidores públicos armados e treinados para “intimidar” a bandidagem, diga-se de passagem.

Não é possível que estes servidores utilizem as armas e o treinamento que a sociedade lhes dá para intimidarem a sociedade. Ou é possível?

Aliás, já é hora de tomarem coragem e enfrentarem o tema da desmilitarização das polícias e a sua unificação. Qual é o sentido e que utilidade tem dar aparato militar para servidores que devem cuidar da sociedade e não fazer a guerra? Hierarquia não é e não pode ser sinônimo de militarização. Fardamento não é e não pode ser sinônimo de militarização. As principais polícias do mundo são unificadas e civis, nas quais um segmento fardado assume a função de policiamento ostensivo e a outra, discreta, funciona como polícia judiciária. Nem vou falar em custos dobrados, (des)inteligências dobradas, comandos dobrados, armamentos obsoletos dobrados, e medos redobrados.

O aquartelamento dos bombeiros (anistiados em tempo recorde pelo Congresso Nacional) no Rio de janeiro, as ameaças à bomba no Rio Grande do Sul (até hoje sem responsáveis condenados, ou absolvidos) e as ondas de saques e a montagem de um bunker na Assembleia Legislativa da Bahia são uma cusparada na cara da sociedade e estou me lixando se a praia de Salvador estava lotada!

Ninguém questiona a justeza das reivindicações dos servidores da área da segurança pública. O que abomina e atemoriza é ver um exército armado fazendo a sociedade refém das suas aspirações. Este modelo de ação, que cada vez mais se repete e reproduz, faz com que a legitimidade de tais reivindicações caiam por terra, ou fujam dos bolsos na medida em que trememos de medo do que poderá acontecer.

Não é normal que a Força Nacional de Segurança tenha que intervir num Estado da Federação para proteger o seu povo contra a sua polícia. Não pode ser normal! Todavia, a repetição dessas ações assusta e pede mediações institucionais duradouras, capazes de impedir que tais desatinos corporativos continuem a colocar a sociedade na parede.

RICARDO GIULIANI NETO é advogado em Porto Alegre, mestre e doutor em direito e professor de Teoria Geral do Direito na Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .

Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.


Comente esta notícia

Pai de aluna invade escola e espanca rival de sua filha
#GERAL
MENOR DESMAIOU
Pai de aluna invade escola e espanca rival de sua filha
Delegado acusado de assédio sexual e corrupção é preso em MT
#GERAL
VOLTAVA DE VIAGEM
Delegado acusado de assédio sexual e corrupção é preso em MT
Advogadas fiscalizavam depoimentos de testemunhas de caso de extorsão
#GERAL
A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
Advogadas fiscalizavam depoimentos de testemunhas de caso de extorsão
PM apreende 257 quilos de maconha dentro de câmara fria
#GERAL
TRAFICANTE FUGIU
PM apreende 257 quilos de maconha dentro de câmara fria
PF combate desvios de R$ 800 mil por proprietários de casa lotéricas
#GERAL
OPERAÇÃO PROTEU
PF combate desvios de R$ 800 mil por proprietários de casa lotéricas
Confecção pega fogo em Ramos, com pessoas presas no imóvel; resgate é dramático, e há 7 feridos
#GERAL
VÍDEO
Confecção pega fogo em Ramos, com pessoas presas no imóvel; resgate é dramático, e há 7 feridos
Confira Também Nesta Seção: