ADEMAR ADAMS
Desembargador Rubens de Oliveira:
O grande Raul Seixas disse que preferia “ser uma metamorfose ambulante, do que ter a velha opinião formada sobre tudo e todos”. Mas, uma coisa é ser flexível e mudar de opinião, outra é rasgar o passado, apenas para acomodar a boa vida quando se chegou lá em cima.
Faço este intróito desembargador Rubens de Oliveira, para dizer que o senhor mudou muito nos últimos tempos. E pra pior, pois, este processo contra o jornalista Enock Cavalcanti, é um ato típico de quem não aceita crítica. Desse jeito, chego a pensar que o senhor no comando de uma Espanha falangista, também iria mandar matar Garcia Lorca.
E é aí que vejo o quanto nossos caminhos tomaram rumos diversos após aqueles memoráveis tempos do começo da década de 1980, quando juntos ombreávamos as fileiras trabalhistas. Aquele tempo de sonhos, de um Brasil democrático e fraterno, foi morrendo com tranqueiras como Sarney, embusteiros como o Collor e boçais como FHC. Mas os ideais, estes só devem morrer com a gente. Na glória ou na desgraça, o ideal deve ser o timoneiro de nossos atos.
Processar um jornalista da trincheira democrática-popular como o Enock, por uma crítica um pouco mais aguda, atirada na defesa de gente que ganha vinte vezes menos que um desembargador, convenhamos ... é falta de espírito público para ter mando num regime republicano.
O seu pavio curto, a gente conhece bem. Na sua presidência frente ao TRE/MT tivemos um affaire, onde pude sentir sua têmpera. Lembra-se do episódio?
Agora, no Tribunal de Justiça, mesmo com dois ofícios pedindo uma audiência cordial, praticamente de paparicos, que a OngMoral faz com autoridades para abrir espaço para o diálogo, “vossa excelência" fez ouvidos moucos. Chego a considerar uma desfeita para com um ex-camarada, que tendo permanecido na trincheira de luta, jamais fez um agravo ao trânsfuga, se contendo, em homenagem àqueles tempos idos.
Se entender que o epíteto de pinocchio não cabia aum presidente de Tribunal, devias ter mais cuidado nas conversas e nas propostas que faz diretamente ou por interpostos, para não se parecer de fato com o personagem do florentino, que, por acaso, também era jornalista.
Além do mais, um telefonema ao jornalista poderia desanuviar o ambiente, mas aí deverias descer do pedestal, calçar as sandálias da humildade, coisa que o grande Rubens de Oliveira dos Santos Filho, não faz. Aliás, não faz como faria o velho “Rubinho de Guerra” de trinta anos atrás.
Vamos lá doutor Rubens! Seja mais “Rubinho” e menos “Rubão”. Larga mão desse processo, pois, ainda que sejas vencedor desta contenda, será uma vitória de Pirro. Pois até chegar o dia dela, vais sangrar cotidianamente, sendo sempre lembrado como aquela pessoa autoritária, que não aceita crítica, como um ferrabrás deslocado no tempo.
Seja mais Brizola e menos generalíssimo Franco, mais trabalhista e menos udenista. Enock Cavalcanti é um guerreiro, que nesta quadrada vida está a merecer reverências, jamais baionetas!
Fraternalmente,
Ademar Adams
ADEMAR ADAMS é jornalista em Cuiabá
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