CHRISTIANE BATISTA
Os últimos dias de junho e a entrada de julho estão muito animados. Falando em animação, estou comunicando a todos que me foi impossível não recordar um certo desenho animado muito conhecido, até mesmo pela geração Y. Você se lembra da Corrida Maluca? Muito divertida criação dos estúdios Hanna-Barbera.
Mas deixa eu voltar a animação dos últimos dias. Estamos acompanhando as maiores prévias partidárias em Mato Grosso por ocasião das eleições municipais. Cuiabá e Várzea Grande tiveram sua bandeirada xadrez neste final de semana e de mês. Olha aí a bandeirada que me faz relembrar as largadas daquele desenho sugestivo neste momento. Ah, vai, não consigo deixar isso de lado. Eram tantos personagens pitorescos. O mote do desenho eram as diferenças nos traços de personalidade; o que cada um fazia ou deixava de fazer mostrava o que tinha em seu caráter.
Falando sério agora, a decisão do TSE de liberar os contas-sujas este ano tem qualquer coisa de estarrecedora. Para o juiz Márlon Reis, um dos fundadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral os candidatos deveriam estar submetidos a rigores maiores que os dos seus eleitores. “É razoável imaginar que um candidato que deixou de cumprir com sua principal responsabilidade - a prestação das contas de campanha - não seja considerado quite com suas obrigações eleitorais”. Ele está certo pois eu sei que não consigo fazer nada como cidadã caso não apresente o comprovante de quitação eleitoral. Se eu não votar ou pagar a multa não sou digna dentro do território nacional. Neste ponto, concorde comigo: volto àquela corrida, a maluca, digo, à Corrida Maluca.
Regras para quê? Atalhos, pregos, óleo na pista, bombas e até mísseis eram utilizados intentando retirar competidores dos grandes prêmios. Com um Carro Cheio de Truques driblava-se impedimentos através de... truques. Na Quadrilha de Morte todos eram baixinhos tal qual seu líder. O carro era à prova de balas tornando-os pretensamente intocáveis. O Cupê Mal-Assombrado guardava ocultos em seu interior cobras, lagartos, bruxas, dragões e criaturas. Quando você se depara com tudo isso, já é tarde demais. O Peter Perfeito, esse ficou fácil. Egocêntrico, sempre se exibindo, todo elegante e escovado. Mas seu carro sempre se desmanchava e ele vivia a repará-lo.
Mas vamos deixar essa coisa toda pra lá, pois o SINDIJUFE-MT confirma a greve na Justiça Eleitoral em todo o país nos dias 4 e 5 deste mês, enlouquecendo ou privilegiando os candidatos que tem prazo fatal para registros. Tudo bem, é justa uma reivindicação de classe, entretanto parece estratégica essa data escolhida para o apagão. Só não sei se ajuda ou atrapalha. Lucubrando, agora: Seria mais um carro na corrida, a maluca? Já que são tantos carros, sempre vai ter lugar para outro cotejo em se tratando de Cuiabá e Várzea Grande. Quer ver? Penélope Charmosa era a única mulher na Corrida Maluca. Mas seu carro também tinha recursos bizarros para deixá-la sempre bonita na foto e sem querer, assim meio ingênua, ainda se dava bem.
Agora, falando de Cuiabá, não vamos esquecer que temos enfim seis candidatos a prefeito em 2012, então, considere analisá-los todos. Mesmo que te ocorra uma impressão de desconformidade, desproporcionalidade – são coisas de corridas, as mais malucas. Até na Corrida Maluca um carro de pedra guiado por uma dupla de criaturas paleolíticas e suas clavas concorre com um dragster tunado e seu piloto experimentado e equipado.
Caso você esteja perfeitamente situado lendo essas linhas está se indagando “onde está o Dick Vigarista?” Aqui e lá ele sempre era o último. Recordo assim que o Dick Vigarista sempre perdia. Em uma única vez ganhou, mas foi desclassificado pelos “juízes” porque sua trapaça na chegada restou evidente. É, isso acontece às vezes na corrida, a maluca. Quer dizer, aconteceu na Corrida Maluca. É que ele se preocupava em colocar os outros competidores para fora e não se empenhava em sua própria vitória. E temos boas notícias: a partir do dia 06 de setembro basta ligar a TV ou o rádio para ver ou ouvir os episódios.
O meu título de eleitora está aqui nas minhas mãos. Assisto à corrida, a maluca e vejo mais de Corrida Maluca do que de política altruísta, do que de representação popular. Vejo menos gente cuidando da gente e mais gente medindo quem pode mais, quem é mais vantajoso ter por perto. Mas está aí, é ano eleitoral de novo. Qualquer semelhança é mera coincidência.
Christiane Batista é bacharel em Direito e acadêmica de Letras na UFMT.
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