EMANUEL FILARTIGA

As palavras em você sonham, amigo(a) leitor(a)?! Apesar das ruínas e da morte, ainda sonham?!

Dentro da ideia fixa, das obrigações, da meta, do alvo, do cansaço, das frustrações, do conceito da palavra dada, misturam-se pensamentos “erradios”, vivem “rebeliões” no que lá está representado. Acham-se fumaças e brumas que te trazem dúvida sobre a luz do pronto, do exato, do fixo, do burocrático e monótono “ideal científico e técnico” da palavra.

O que consta no interior da sua palavra te traz ânimo. Qual é a palavra que te anima, que te ocupa o espaço e volume? Que te acorda e te põe de pé no meio da rua?

Disse um poeta que a palavra pode ser uma aurora e até um abrigo seguro. Digo que há palavras tão raras que até nos desembaraçam da nossa própria história.

Como os discursos seriam mais vivos, mais íntimos, se achássemos essas palavras de dentro, esse canto mais puro que ilumina a casa escura.

Há catalisadores e inibidores da força viva da linguagem. Mas, ainda assim, essas “palavras-força” emergem de maneira espontânea, sob várias formas, e muitas vezes mergulham de novo no dentro, perdendo-se. Contudo, já é provado, se tornam mais firmes e duradouras se no ambiente há afeto.

A nossa palavra diz tudo a nós mesmos. É preciso sonhar mais, sonhar na própria vida da linguagem. O pulsar da vida envolvente nasce, também, seja qual for o lar distante, das forças vivas da linguagem. O verbo em fogo!

Pode haver palavra certa que anime nosso ânimo para viver e continuar a viver, para ter alegria e lutar, celebrar a luta, a despeito da “vitória”.

Os conhecimentos técnicos não constituem tudo em qualquer profissão. A pessoa humana de cada um, a sensibilidade, a intuição, são qualidades preciosas e são elas que fazem o conhecimento técnico valerem.

Essas palavras permanecem como uma simpatia de abertura para a vida, permitem-nos compreender e amar como se fosse numa vida primeira. Imersos na água viva, na fonte nova. A imagem do poeta ajuda a dizer o que quero dizer: “Trago-te uma água perdida em tua memória — segue-me até a fonte e encontre seu segredo.

*Emanuel Filartiga Escalante Ribeiro é promotor de Justiça em Mato Grosso.

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