ALFREDO DA MOTA MENEZES
Hoje começa o julgamento do mensalão pelo STF. Tentou-se de tudo contra esse julgamento. Falou-se que era apenas caixa dois de campanha; que era um golpe das elites ou complô da imprensa; Delúbio Soares assumiu a culpa sozinho; o caso Lula e Gilmar Mendes; transferir o julgamento para depois da eleição ou após a aposentadoria do ministro Peluso ou a tentativa de julgar no STF somente os parlamentares indiciados, os outros não.
Nada foi em frente. Começa o julgamento. Já temos no Brasil a estabilidade política e econômica e até mesmo começou uma distribuição de renda. É tempo de se fazer um ataque à corrupção. Um pouco de história talvez mostre que o tempo chegou. Mais uma vez a coluna tenta contar um pedaço da trepidante história recente do país.
Crises política, econômica e até institucional foi uma constante. Getúlio Vargas suicidou-se, em agosto de 1954, frente à tensa situação política e econômica. Seu vice, Café Filho, nem tomou posse. Assume Nereu Ramos, presidente do Senado. JK ganha a próxima eleição. Quase não tomou posse com a revolta da Aeronáutica. O Brasil teve em JK um tempo bom antes de a tormenta continuar.
Jânio Quadros, em poucos meses de governo, renuncia à presidência. João Goulart, seu vice, para assumir teve que aceitar um parlamentarismo imposto pelos militares. Em janeiro de
1963 se volta ao presidencialismo depois de um plebiscito. Em março de 1964, os militares derrubam Goulart e se tem 21 anos de ditadura. Em 1985, num Colégio Eleitoral, Tancredo Neves ganha a presidência indireta do país. Na véspera da posse, tem um treco e veio logo a falecer. Assume no seu lugar, José Sarney, ex-presidente do PDS, partido que dava sustentação ao regime militar.
Houve um choque político dentro do PMDB entre os fisiológicos e os autênticos ou entre os que chegaram depois e os que lutaram pela redemocratização. O partido não teve unidade para governar o país. Agravou a crise. No governo Sarney a inflação era de 45% ao mês. Se teve três planos econômicos. Era o caos. Veio o salvador da pátria, Collor de Mello. Fez besteiras, sofreu um impeachment.
Assume Itamar Franco. No seu governo começa a estabilidade econômica, complementada no de FHC.
Veio, na sequência democrática, o governo Lula. Se tem hoje uma nova classe média e uma distribuição de renda melhor. Há também estabilidade política e uma democracia adequada. É hora de avançar. E o novo avanço pode ser agora com o ataque à corrupção. Não que ela vá acabar, mas que se sinalize que os agentes que fizerem estripulias podem ser punidos. Não custa nada sonhar que, do suicídio de Vargas, passando por ditadura, por caos econômico, político e social, e com uma atuação agora contra o mal da corrupção, se teria um Brasil num novo patamar.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é professor universitário e articulista político.
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