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OPINIÃO Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2012, 15:49 - A | A

23 de Fevereiro de 2012, 15h:49 - A | A

OPINIÃO / KAROL ROTINI

O divisor!

Temos alguns marcos na vida: primeiro beijo, casamento...

KAROL ROTINI



Temos alguns marcos na vida: primeiro beijo, casamento...

Digo que a minha, profissionalmente, se resume a antes e depois de São José do Pitibiriba (nome fictício)!

Fazíamos, um colega e eu, mutirões em todo Estado, com uma funcionária, levando (voluntariamente) o acesso à Justiça aos insuficientes de recursos, inclusive onde não havia Defensoria Pública.

Quando soubemos aonde iríamos, já nos entreolhamos desanimados. Era longe. Embora a distância dependa de onde se está até onde se quer chegar, era longe de qualquer ponto! Para se ter uma idéia, Judas havia perdido as botas muito antes de lá!

Dirigimos todo o dia e já se estendia um pedaço da noite, em época das chuvas, atoleiros e sacolejos todo o caminho (eu já disse que era longe?!), por fim, chegamos!

Apontamos por lá bem tarde, então não pude observar a cidade – quase uma pequena vila (propositada redundância) com alguns quarteirões. Casas de madeiras e desprovida de um único metro de asfalto.

Nas poucas quadras achamos o hotel! Ao menos era esse o nome. Único. Não havia vagas.

- A noite será agradabilíssima. No carro podemos não somente dormir ao relento como também olhar as estrelas...- ironizo.

Eu já reivindicava os bancos traseiros (sabe-se lá por qual direito!), quando encosta o veículo de outro órgão:

- Não, doutora, há reserva! Um quarto!

- Como um quarto? – disse eu.

- Alguém pegou o outro! – disse-me.

Rapidamente abdico do banco traseiro!

- Sinto muito querido! Seja um cavalheiro. – falei, apressadamente. Meu colega era.

- Claro... – disse-me.

Conversa com a dona do recinto, fomos ao nosso “quarto”. Ficaríamos nós duas onde havia duas camas de solteiro, quase uma por sobre a outra, com um colchão de espuma que mal se via, de tão fino. Um banheiro sem porta, a abertura virada para a cama e parede de meio metro. Quase púnhamos os pés no vaso. Melhor não usar.

Havia um lá fora, onde era possível tomar banho. Não fosse o fato de ser comunitário, ter fila de espera, e melhor alguém ficar na porta segurando uma toalha para tapá-la, porque havia frestas enormes, senão seria mais um capítulo do olho que tudo vê!

Meu colega? O que eu já entendia por milagre: foi-lhe destinada a dispensa.

- Tira tudo de lá!- diz a dona. No um metro e meio que era todo o local, coube uma cama de molas (arranjada em algum lugar para o doutor!) e uma mesinha. A noite seria longa...

Banho tomado, barriga roncando.

- Onde eu como?- pergunto.

- Um bar logo ali à frente. - disse-me.

- Qualquer coisa, pelo-amor-de-Deus! – peço.

- Só tem sanduiche.- diz.

Ao som de “quero-meu-Deus-como-eu-quero-essa-mulher-comigo” estava lotado para a região: dez pessoas.

- Três para viagem! Aguardo ali sentada. -digo.

Enquanto espero cai a ficha! Mulheres com olhares estranhos, homens já lascivos, desce alguém de um carro de outro grupo e diz:

- Doutora, melhor não esperar aqui! Deixa que eu levo para a senhora! (Para ser herói, às vezes, é preciso tão pouco...) Fui!

Após algo próximo a quatro horas de sono interrompido pelo ranger da cama e pernilongos (machos?!): ao trabalho e avante! Estávamos ali para isso! Café da manhã? O melhor pão duro com manteiga e copo de café sem açúcar do mundo!

Chegamos ao local. Fila quilométrica! Um arrumava a fila, outra carregava cadeiras e mesas. Ao som de reclamações, afinal, haviam chegado muito cedo. Compreensível.

No lugar, pronto para o atendimento.

- Doutora, podemos filmar? É para avisar a todos para virem logo! (Ainda faltava alguém? – pensei.)

Mas respondi: - Claro.

Então vem ela. Produzida, bobs no cabelo, calça branca de cóton.

- Pois não? – digo eu.

Ela, estendendo as mãos por sobre a mesa, coquete:

- É aqui que faz a unha?

Faço cara de paisagem:

- Fazer a unha eu até sei fazer. Mas aqui eu estou como defensora pública. – respondo. - Era só isso? Sim?! Próximo!

Gargalhada geral! O câmera:

- A senhora me desculpe, mas eu ri tanto que não pude gravar!

Eu:

- Ao menos isso!

E o dia estava apenas começando...

KAROL ROTINI é defensora pública.

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