RONIMÁRCIO NAVES
Quando eu era criança, morador de um dos bairros mais pobres de Cuiabá, o meu querido Novo Terceiro, lembro-me que a Escola Estadual PADRE WANIR DELFINO CÉSAR, tinha, ao seu lado um Posto de Saúde que, inclusive, atendia como Unidade Odontológica.
Esta era a lógica dos militares, conjugar os dois principais serviços que a população carente mais necessita: educação e saúde.
Outro fator importante era que a maioria dos professores e funcionários residiam nas proximidades da escola, da mesma forma que os funcionários do posto de saúde.
Os gestores públicos, na época, amparados no raciocínio lógico e na preocupação com a qualidade de vida do seu próximo, colocavam as pessoas para trabalhar em locais perto de suas residências, fato que resultava em ganho para ambas as partes – servidores e população.
A evolução do homem sempre esteve ligada a dois fatores, a produção de riqueza e a oferta - entrega - desta riqueza ao mercado consumidor.
O Estado de Mato Grosso possui uma riqueza a ser distribuída aos mais necessitados, que é saúde e educação, agora o custo para fazer chegar estes dois produtos ao cidadão, várias e inúmeras vezes, superam em muito o custo para a produção do próprio produto.
No meu humilde pensar, entendo que este custo elevado e desconsiderado é resultado da ausência de estudos sobre a logística que envolve estes serviços públicos que são entregues a população.
Um especialista em logística conseguiria, sem sombra de dúvidas, diminuir o custo de transporte dos alunos da rede estadual e municipal, analisando se:
i) é mais viável continuar com o transporte ou instalar uma unidade educacional em determinada localidade;
ii) é mais viável deslocar os professores que os alunos, ou se é mais prático adquirir vans que recolhem os alunos nas comunidades e os levam para um determinado ponto para serem transportados
todos por um ônibus maior até a unidade educacional; ou
iii) é mais viável colocar os alunos para estudarem em um turno integral em vez de buscar alguns alunos para o turno da manhã e outros para o turno da tarde, entre outras análises.
No modelo de gestão do acesso à educação, não há somente a variável transporte do aluno casa- escola- casa.
No mesmo sentido, há o custo financeiro e pessoal do atendimento da área de saúde.
Inúmeras ambulâncias trazem enfermos para serem consultados e operados em Cuiabá, fato que gera um custo incalculável, tanto para o Estado quanto para a família do paciente, que sempre desloca um acompanhante que precisa se manter aqui na Capital quanto se realiza o atendimento.
Faço apenas um questionamento:
- Quantos hospitais privados possuem salas/consultórios que podem ser locadas por tempo determinado pela Secretaria de Saúde do Estado, quantos PSF´s e UPA´s possuem salas de atendimento ociosas nos municípios de Mato Grosso?
Assim, as secretarias municipais de saúde agiriam como agentes reguladores e, chegando a uma quantidade específica de consultas agendadas, a Secretaria Estadual de Saúde deslocaria o profissional especializado para atendê-los, utilizando como base os equipamentos públicos ou privados existentes no próprio município, ou seja, salas locadas em hospitais privados, consultórios de PSF´s ou UPA´s, até mesmo atendendo em horário noturno, período em que estes equipamentos ficam, na maioria das vezes, ociosos.
É necessário repensar, trazer a lógica da iniciativa privada - fazer mais e melhor com menos - para o setor público, sempre tendo como premissas inafastáveis a valorização do servidor público e a melhoria continuada da qualidade do serviço entregue a população.
O planejamento adequado resulta em melhoria da qualidade, redução de custos e perenidade da atividade e, de forma inversa, o planejamento não pode ficar preso a modelos, caso contrário até hoje as rodas seriam quadradas.
Ronimárcio Naves, advogado.
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