RUI RAMOS RIBEIRO
O Tribunal Regional Eleitoral e a Secretaria Estadual de Educação deram início, em junho deste ano, a um projeto inédito no país, nos moldes desenvolvidos aqui em Mato Grosso.
Levamos o projeto Voto Consciente para as escolas. Este trabalho já é desenvolvido pela Justiça Eleitoral brasileira há alguns anos, com palestras ministradas aos alunos e até mesmo eleições nas escolas.
O ineditismo agora consiste justamente na forma como o projeto foi desenvolvido e nos resultados alcançados nas quatro escolas envolvidas.
Em lugar de votar em colegas, os estudantes elegeram políticas públicas. Em lugar de decidir quem são os alunos mais influentes na escola, eles escolheram quais são as prioridades para a sua comunidade.
Em cada escola foram formados cinco partidos políticos: Partido da Educação e do Meio Ambiente; Partido da Ética e Cidadania; Partido da Cultura, do Esporte e do Lazer; Partido do Respeito às Diversidades; e Partido do Direito à Vida e à Saúde.
Durante as últimas semanas, servidores da Justiça Eleitoral, diretores das escolas e professores acompanharam a movimentação dos alunos orientando sobre os procedimentos corretos em uma eleição limpa, treinando estudantes para atuar como mesários, auxiliando na organização do pleito estudantil.
Muito mais do que conhecer as regras e o processo eleitoral, os alunos tiveram a oportunidade de praticar a atividade mais importante em uma eleição: o exercício da cidadania por meio do voto consciente.
Os calorosos debates da campanha eleitoral extrapolaram os muros das escolas e ganharam a comunidade. Em pelo menos duas escolas, os estudantes não apenas debateram as políticas públicas mais urgentes, como levaram as reivindicações para presidentes de bairros e envolveram as respectivas famílias nas discussões. Era o voto consciente ganhando capilaridade, ecoando nas vozes de futuros eleitores.
Massificar o voto consciente é, a meu ver, o grande legado da Justiça Eleitoral. Realizar eleições com eficiência, apurar os votos com rapidez, levar a urna eletrônica aos mais distantes locais deste enorme Mato Grosso, são conquistas já consolidadas.
Nossa meta vai além. Esperamos agora chegar ao âmago do eleitor, conscientizá-lo sobre os malefícios da venda do voto e assim torná-lo imune às investidas de candidatos, que porventura venham a lançar mão desta prática tão prejudicial à democracia.
E não poderíamos alcançar este sonho sem o imprescindível auxílio dos mestres, tanto os que trabalham em sala de aula quanto aqueles que se dedicam a organizar e dirigir uma unidade escolar.
Durante a execução do projeto Voto Consicente, os alunos foram estimulados por professores de todas as disciplinas, em uma clara demonstração de que o ensino da ética e do pleno exercício da cidadania não pode ser compartimentado.
Por tudo isso, eu ouso dizer que, apesar de todos os esforços da nossa equipe, a Justiça Eleitoral foi e será sempre coadjuvante neste projeto do Voto Consciente aplicado nas escolas.
Os principais personagens são os alunos, seguidos pelos professores, que estimularam a construção coletiva de um sentimento de dever para com a cidadania. Aos mestres, com carinho, o nosso muito obrigado.
Convido a todos para a diplomação dos partidos eleitos, que será realizada na Casa da Democracia, anexo ao prédio do TRE, nesta sexta-feira, 25 de novembro, às 14 horas.
RUI RAMOS é desembargador do Tribunal de Justiça e presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso
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