MAX AGUIAR/ DA REPORTAGEM
LUCAS RODRIGUES/DA REDAÇÃO
O juiz Jefferson Schneider, da 5ª Vara Federal de Cuiabá, deverá decidir se colocará ou não o ex-secretário de Estado Éder Moraes e o empresário Júnior Mendonça “cara a cara” para esclarecer as contradições existentes nos depoimentos da ação penal oriunda da Operação Ararath.
O pedido partiu do próprio Éder que, na continuação de interrogatório realizado nesta sexta-feira (08), se dispôs a confrontar a versão de alguns fatos declarados por Júnior Mendonça, que recebeu o benefício da delação premiada para denunciar o suposto esquema criminoso.
Segundo Éder, conforme foi noticiado pelo Mídia News na quinta-feira (7), Júnior mentiu ao associá-lo a pratica de lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro, em depoimento prestado ao juiz no dia três de julho.
Ele ainda pediu para que houvesse uma acareação - técnica que confronta depoimentos de testemunhas e partes para chegar aos fatos verdadeiros- com outras pessoas envolvidas no caso, cujos nomes não foram revelados pelo advogado Paulo Lessa, que realiza a sua defesa.
No interrogatório desta sexta-feira (08), o ex-secretário respondeu a questões formuladas pelo juiz e por representantes do Ministério Público Federal (MPF), além da pergunta de uma advogado da banca de defesa de Luiz Carlos Cuzziol, ex-superintendente do Bic Banco.
Conforme relatou Paulo Lessa, o interrogatório com Éder será retomado e encerrado na próxima quinta-feira (14).
“Há mais algumas questões que o juiz deseja esclarecimento e aí ele deixou para a próxima quinta-feira para encerrar o interrogatório. São pontos que só o juiz poderia responder, creio que seja a documentação que ele está analisando e quer explicação”, relatou.
Já na próxima sexta-feira (15) será iniciado o interrogatório dos outros réus da ação: a esposa de Éder, Laura Tereza da Costa Dias; Luiz Carlos Cuzziol e o ex-secretário-adjunto do Tesouro estadual, Vivaldo Lopes.
O advogado adiantou que pediu por escrito a revogação da prisão do ex-secretário ao juiz Jefferson Schneider, mas a decisão só deve sair na próxima semana.
“Pedimos a revogação da prisão, porque já se encerraram a instrução das testemunhas e não há mais motivos para manter a prisão dele. Mas o MPE (Ministério Público Estadual) pediu vistas e deve dar seu parecer até terça-feira(12)”, disse ele.
Paulo Lessa também revelou que durante o interrogatório destas quinta e sexta-feira, em nenhum momento Éder Moraes foi perguntado ou falou sobre o senador Blairo Maggi (PR) e o governador Silval Barbosa (PMDB), que respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de envolvimento no esquema denunciado pelo MPF.
“Ele não falou sobre isso e não tem sido questionado sobre o Silval e o Blairo, porque esta questão está a nível do Supremo”, explicou.
Situação de Éder
Éder Moraes está preso desde o dia 20 de maio, data em que foi deflagrada a 5ª fase da operação.
Até metade do mês de julho, ele estava detido no Complexo da Papuda, em Brasília (DF), mas foi transferido para a Polinter, em Cuiabá, devido a extinção da unidade.
Quanto a isso, tramitam no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) dois habeas corpus com pedido de soltura a Éder.
Entenda a operação
A Operação Ararath, que está na 5ª fase, foi deflagrada em 2013. A Polícia Federal estima que os integrantes do esquema movimentaram, desde 2006, mais de R$ 500 milhões.
Segundo as investigações, o grupo investigado utilizava-se de empresas de factoring (fomento mercantil) como fachada para concessão de empréstimos a juros a diversas pessoas físicas e jurídicas no Estado. O dinheiro teria sido utilizado para viabilizar campanhas políticas e até para compra de vaga no Tribunal de Contas do Estado, de acordo com a denúncia.
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