GIOVANA GIRALDELLI
DA REDAÇÃO
O anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas de 50% a todos os produtos brasileiros importados pelos EUA provocou forte repercussão política e econômica no Brasil. Antes mesmo do posicionamento oficial do governo federal, autoridades de Mato Grosso já haviam se manifestado sobre os impactos da medida, defendendo cautela e criticando as decisões do Palácio do Planalto. Na noite de quinta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou nota oficial prometendo retaliação à altura.
O tarifaço foi anunciado por Trump em meio a críticas às decisões do Judiciário brasileiro contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e às exigências de moderação impostas às plataformas digitais. Na publicação, o republicano acusou o governo Lula de violar princípios de liberdade de expressão e ameaçou adotar barreiras comerciais contra países que, segundo ele, perseguem opositores políticos.
Na mesma data (10), antes da carta oficial de Lula, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), defendeu equilíbrio e diálogo para evitar o agravamento da crise. Demonstrando preocupação com os possíveis impactos sobre as exportações mato-grossenses, Mendes alertou para os riscos da radicalização ideológica nas relações internacionais.
“Eu recebi com uma certa surpresa e preocupação o anúncio do Trump. Existe muito radicalismo, posições desarrazoadas, talvez, de ambos os lados. Nós temos que focar naquilo que traz resultado para o nosso país. Não adianta dobrar a aposta, porque ele dobra do outro lado, e ele é muito grande. Nós temos uma interdependência do comércio internacional e o Brasil precisa dessa boa relação pra continuar garantindo o saldo da balança comercial. É hora de ter juízo, de colocar o Brasil em primeiro lugar e deixar esse viés ideológico de lado”, afirmou a jornalistas.
Questionado, o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), aliado de Bolsonaro, reagiu de forma crítica ao governo federal. Para ele, a crise é consequência direta das decisões políticas adotadas por Lula.
“Da minha parte, a minha interpretação é que o Lula é culpado, sim. Principalmente pelas políticas públicas que ele tem adotado, que têm trazido um prejuízo muito grande”, declarou.
A carta oficial de Lula foi divulgada apenas na noite de quarta-feira (9), como resposta institucional ao ataque de Trump. No texto, o presidente afirmou que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”. Lula também rebateu informações divulgadas por Trump sobre um suposto déficit norte-americano na balança comercial com o Brasil e reiterou a soberania nacional.
“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, pontuou no documento.
A crise diplomática chega em um momento delicado para a economia brasileira, com o setor produtivo atento aos desdobramentos dessa tensão com os Estados Unidos. Em estados como Mato Grosso, principal exportador de commodities agrícolas e minerais do país, o temor é que eventuais sanções afetem o saldo da balança comercial e impactem diretamente a arrecadação e os empregos.
Confira a carta na íntegra:
“Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta quarta (9), é importante ressaltar:
O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.
O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.
No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.
No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.
É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos.
Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.
A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”.
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Olávo 11/07/2025
Engraçado, quando o presidente era o Bolsonaro, nas entrevistas ele só falava merda não tinha ética e trancou o Brasil pra não ter relações externas. Não dá pra entender o Bozo e o Trump ridiculariza com o Brasil. E querem que batam Palmas? ????
1 comentários