ALLAN PEREIRA
Da Redação
Vereador por Sinop, a professora Graciele (PT) foi vaiada e hostilizada por um grupo de bolsonaristas durante a sessão plenária da Câmara Municipal, na manhã desta segunda-feira (28).
Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), vestidos com camisas da seleção brasileira de futebol, lotaram a plateia do salão plenário da Câmara. Havia também idosos e crianças, inclusive de colo, durante o ato.
Segundo a vereadora, tudo começou com a circulação de uma fake news de que ela iria protocolar uma petição para retirar os manifestantes, que não aceitam a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições, dos locais de protesto no município.
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Os bolsonaristas então se mobilizaram pelas redes sociais e também pelo WhatsApp para protestar contra a vereadora, mesmo movidos por uma notícia falsa, na sessão plenária de hoje.
No momento em que a vereadora se dirigia ao púlpito para falar, os manifestantes se levantaram, vaiaram e se viraram de costas em forma de protesto.
A professora Graciele enfrentou os apoiadores do presidente durante sua fala. "Esta sessão vai garantir a minha fala, ou ela não termina, ou mudo de nome. Vocês podem ter certeza disso!", disse.
Durante a sua fala, a vereadora voltou a negar que iria protocolar petição para retirar os manifestantes contra o resultado das urnas.
"Existem pessoas, inclusive parlamentares desta Casa, que não são homens o suficiente para debater política comigo e espalhar uma mentira e tiram trabalhadores de suas casas para virem aqui passar vergonha por uma mentira. Isso nunca aconteceu. A pauta não tem e nunca teve o que foi dito nas redes sociais. Manifestação é uma coisa legítima. Agora acreditar em mentiras e ser levado por mentiras, muitas vezes por parlamentares dessa Casa, é péssimo para todo mundo”, se posicionou durante a sessão.
A vereadora continuou sua fala, mesmo sendo vaiada a todo o instante pelos manifestantes, até que o presidente da Câmara, vereador Elbio Volkweis (Patriota), encerrasse a sessão por cinco minutos.
Após o tempo, Elbio retomou a sessão e concedeu a Graciele mais um minuto de fala. Os manifestantes voltaram a se levantar e se virar de costas. Desta vez, eles ficaram em silêncio.
“Quem faz uma manifestação pacífica e respeitosa tem o meu respeito. Quem vem aqui para desmoralizar qualquer um que seja dos vereadores desta Casa, não tem meu respeito. Eu não tenho uma visão...”, disse antes de ser mais uma provocada e interrompida.
A vereadora voltou a concluir a fala e retomou sobre os projetos a serem votados em pauta. Depois disso, ela foi vaiada novamente pelo grupo. Vídeos de outros momentos da sessão mostram a parlamentar sendo alvo dos ataques.
Por conta dos ataques, o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputado estadual, Valdir Barranco, enviou ofício ao Comando da Polícia Militar pedindo proteção policial para a vereadora.
A vereadora por Cuiabá, Edna Sampaio (PT), emitiu nota e repudiou o ataque sofrido por Graciele na sessão.
"A cena de hoje não foi manifestação do povo, mas um ato de caráter golpista. Assim como Graciele, a instituição Câmara também merece respeito. A tentativa de esfacelamento das instituições é uma estratégia do bolsonarismo e não podemos tolerar que isso aconteça. Exigimos dos vereadores de Sinop que defendam a democracia e as instituições. Exigimos das autoridades que garantam segurança a esta parlamentar e a todas as mulheres. Defendemos que os agressores tenham a devida punição", aponta.
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