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QUESTÃO DE ORDEM Quarta-feira, 14 de Dezembro de 2011, 19:27 - A | A

14 de Dezembro de 2011, 19h:27 - A | A

QUESTÃO DE ORDEM /

Delegacia Fazendária

Investigação sigilosa "vazou" antes de deflagração

DA REDAÇÃO



Não é a primeira vez que uma investigação da Delegacia Fazendária "vaza" antes da hora. Hoje, o órgão da Polícia Judiciária Civil deflagrou a Operação "Cartas Marcadas", que investiga um esquema fraudulento de pagamentos e compensações de cartas de créditos do governo estadual. O problema é que o "boato" de que a operação seria deflagrada já estava rodando os corredores dos poderes mato-grossenses há muito tempo, inclusive sobre o suposto envolvimento do deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) e de outros secretários de Estado.

A Delegacia Fazendária já provou que não consegue, digamos, "segurar" investigações sigilosas. É só lembrar a Operação Crepúsculo, que investigou o ex-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, vereador Lutero Ponce (PMDB). Um dia antes da operação, quando teve sua prisão decretada, Lutero simplesmente "sumiu do mapa" e só reapareceu com um Habeas Corpus em mãos. Outra investigação sigilosa envolvendo um magistrado de Mato Grosso acabou sendo abortada, depois que ele próprio descobriu que a Delegacia estava investigando seu filho, advogado, por suposta participação em esquema de direcionamento de processos no Tribunal de Justiça. O próprio magistrado foi tomar satisfação com outros membros do TJ, de onde partiram as primeiras investigações da Corregedoria-geral de Justiça. Detalhe: com cópias da investigação em mãos!

Outro caso emblemático foi a Operação Ação Imediata, que investigou fraudes em licitações da então Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e que envolvia um ex-assessor do então-todo-poderoso Luiz Antonio Pagot. Coincidência ou não, a delegada responsável pelo inquérito foi transferida para o Cisc Coxipó, após a deflagração da tal operação.

É claro que perguntar não ofende, mas será que a Delegacia Fazendária tem condições de investigar crimes cometidos por membros da administração estadual? Já que ela própria é subordinada à Secretaria de Segurança Pública, pasta gerida diretamente pelo governador do Estado? Já que sugerir também não ofende, é evidente que uma investigação desse porte deveria estar a cargo do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão ligado ao Ministério Público Estadual, ou da Polícia Federal (caso haja vínculo de competência, claro)!

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