BRUNA BARBOSA
DA REDAÇÃO
A defesa da técnica em enfermagem Amanda Benício afirmou que ela não teve a intenção de ganhar fama ou dinheiro ao denunciar irregularidades no atendimento de pacientes com Covid-19 no Hospital São Judas Tadeu, em Cuiabá. O advogado Herbet Thomann disse ainda que provas da denúncias serão entregues às autoridades.
Para a defesa, a profissional de saúde cometeu um "ato de coragem" que tem como consequências prejuízos profissionais e financeiros.
"Insta consignar que o ato de coragem praticado pela Sra. Amanda ao denunciar as condutas do Hospital São Judas Tadeu não teve intenção de ganhar fama, dinheiro ou prejudicar seja lá quem for. Muito importante deixar registrado que tal atitude não a beneficia, somente lhe traz prejuízos profissionais, financeiros, e de saúde", diz trecho da nota.
De acordo com Thomann, Amanda foi ouvida Pela polícia e está à disposição para esclarecer dúvidas do inquérito policial ou de procedimentos administrativos (do Conselho Regional de Medicina e do Conselho Regional de Enfermagem).
A defesa diz ainda que vai vai tomar as providências contra pessoas que questionaram a sanidade mental, profissional e conduda ética de Amanda.
Thomann afirmou também que técnica está com a saúde mental apta e que seu "passado e caráter" não têm a ver com a investigação, visto que os investigados são os diretores do Hospital São Judas Tadeu e a própria unidade.
"Sua saúde mental está apta, seu profissionalismo e capacidade para desempenhar suas atividades profissionais não foram colocadas em xeque em nenhum momento, e sua conduta ética/moral são inabaláveis", consta em outro trecho do posicionamento.
Conforme a defesa, é de conhecimento geral a escassez de materiais e a existência de pacientes em situações gravíssimas.
"Diante disso resolveu denunciar os fatos relatados que são de conhecimento geral. Não quer dizer que esta profissional esteja inapta ou que ela seja descontrolada. Todo o fato narrado por Amanda visa apenas um objetivo: salvar vidas", ressaltou.
O advogado também afirmou que o hospital teve uma unidade semi-intensiva, denominada Semi-UTI, instalada de forma improvisada, ao contrário do que teria dito a unidade.
"Sem os devidos credenciamentos pelos órgãos competentes, contratando profissionais sem especialização médica suficiente (médicos recém formados e sem especialização). Sobre tais fatos, importante destacar que os fatos estão sendo apurados por autoridade competente", justificou.
Entenda o caso
Em 5 de abril, Amanda registrou boletim de ocorrência afirmando que a unidade estaria sem medicamentos e tratando pacientes de maneira inadequada.
A administração do hospital alegou que a técnica foi demitida após 50 dias de trabalho por "práticas dissonantes com as exigidas pelo hospital".
Para a unidade, a denúncia teria sido feita com intenção de de promover "retaliação e vingança".
De acordo com o B.O., Amanda chegou a procurar os donos do hospital através das redes sociais para relatar as irregularidades.
Ela teria sido demitida em 1º de abril e compareu ao hospital três dias depois para reclamar que o salário não havia caído na conta.
A responsável do RH teria batido na mesa e gritado para Amanda: "Se você é doida, eu também sou".
Morte de major
No B.O., Amanda citou o caso do major Thiago Martins de Souza, de 34 anos, que estava internado com Covid-19 na unidade e morreu no dia 4 de abril.
Conforme o relato da técnica de enfermagem, uma fisioterapeuta teria colocado uma máscara VNI (ventilação não-invasiva) em Thiago, e errado ao regular a pressão do aparelho.
Com isso, a saturação do major teria chegado a 29% e ele teria ficado roxo. Em seguida, Amanda disse que tirou a máscara VNI e conectou uma máscara venture 15 litros no major.
Veja abaixo a nota da defesa de Amanda:



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