THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
A Associação Mato-grossense dos Membros do Ministério Público (AMMP) classificou como “ardil” as declarações do ex-governador Silval Barbosa na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó.
Durante depoimento, realizado na manhã de segunda-feira (02), Silval disse que informou ao ex-procurador-geral de Justiça Paulo Prado sobre uma suposta extorsão que estava sofrendo de deputados para pagamento de propina, durante sua gestão. Segundo o ex-gestor, o assunto “ficou por isso mesmo”, ou seja, o MPE nada fez com a informação.
Em nota, assinada pelo presidente da Associação, Rodrigo Fonseca Costa, afirmou que o objetivo de Silval é “embaralhar” os fatos e enfraquecer o combate à corrupção, promovido pelo Ministério Público.
“As declarações sob comento representam um notório ardil utilizado com o intento de embaralhar os fatos, no afã de tentar esmaecer a gravidade das condutas perpetradas pelo ex-governador à frente do Poder Executivo Estadual e de enfraquecer o combate à corrupção promovido pelo Ministério Público. Assim, devem ser recebidas com o devido filtro crítico”, diz trecho da nota.
MidiaNews
O ex-procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Paulo Prado
A Associação disse repudir a "agressão" que Prado sofreu com as declarações.
Ainda ressaltou o histórico do ex-procurador-geral, frisando que em sua gestão, foram deflagradas diversas operações contra o crime do colarinho branco, Ventríloquo, Tríade, Aprendiz, Rêmora, Metástase, Célula Mãe, Seven, Arqueiro, Ouro de Tolo e Imperador.
“Essas operações consubstanciaram um verdadeiro marco no enfrentamento à corrupção no Estado de Mato Grosso! Com efeito, o esforço empreendido ao longo dos anos para combater os crimes de colarinho branco viabilizou a recuperação de mais de R$ 1 bilhão, dinheiro que propiciou a realização de investimentos importantes para a população mato-grossense”, disse.
"A Associação Mato-Grossense do Ministério Público, atenta às tentativas de
esmorecer o trabalho de combate à corrupção desenvolvido pelo Ministério Público
brasileiro, repudia as agressões perpetradas contra um dos seus mais ilustres e
dedicados profissionais", completou.
O depoimento
Silval foi convocado para depor na CPI que investiga suposta quebra de decoro e obstrução da Justiça por parte do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que foi filmado recebendo maços de dinheiro no Palácio Paiaguás.
Durante o depoimento, o ex-governador afirmou que chegou a pagar R$ 15 milhões ao ano em mensalinho aos deputados estaduais, durante a sua gestão, para que eles não atrapalhassem o andamento das obras da Copa do Mundo e do Programa MT Integrado.
Silval disse que falou sobre a extorsão dos parlamentares em duas reuniões com Paulo Prado. O ex-procurador-geral é concunhado de Emanuel Pinheiro.
“Não estou vinculando grau parentesco de nada. Não foi negado audiência. Quando um governador quer conversar com um presidente, não precisa deslocar, você convida e ele vem no gabinete. Foi o que foi feito. Em uma reunião com o doutor Paulo [Prado], eu falei o que estava acontecendo. Expliquei bem que não era só ali [Assembleia Legislativa], eram outros que estavam, como o Tribunal de Contas. Eu relatei que estava passando por uma série de problemas, com dificuldades das mais perversas para executar os programas de Governo”, disse Silval.
“Ele ficou de analisar e me dar uma resposta. Demorou um pouco. Falei novamente numa outra reunião. E, por fim, ele falou que era para gravar, para flagrar todo mundo. Eu disse que dava a ele todas as informações do que estava acontecendo para ele verificar, mas ficou por isso mesmo e eu toquei da forma que me sujeitei”, acrescentou o ex-governador.
Leia a nota da Associação na íntegra:
A Associação Mato-Grossense dos Membros do Ministério Público externa o seu repúdio às declarações prestadas à CPI do Paletó pelo ex-governador Silval Barbosa, na Câmara Municipal de Cuiabá.
As declarações sob comento representam um notório ardil utilizado com o intento de embaralhar os fatos, no afã de tentar esmaecer a gravidade das condutas perpetradas pelo ex-governador à frente do Poder Executivo Estadual e de enfraquecer o combate à corrupção promovido pelo Ministério Público. Assim, devem ser recebidas com o devido filtro crítico. O Dr. Paulo Roberto Jorge do Prado possui admirável histórico de serviços prestados ao Ministério Público e à sociedade mato-grossense.
Em sua gestão, o trabalho de combate à corrupção foi deveras fortalecido, com a alocação de investimentos relevantes na estruturação do Gaeco, o que culminou na deflagração das operações Ventríloquo, Tríade, Aprendiz, Rêmora, Metástase, Célula Mãe, Seven, Arqueiro, Ouro de Tolo e Imperador, as quais resultaram nas prisões de autoridades de diferentes esferas de poder.
Essas operações consubstanciaram um verdadeiro marco no enfrentamento à corrupção no Estado de Mato Grosso! Com efeito, o esforço empreendido ao longo dos anos para combater os crimes de colarinho branco viabilizou a recuperação de mais de 1 bilhão de reais, dinheiro que propiciou a realização de investimentos importantes para a população matogrossense, a exemplo das obras referentes à escola Barão de Melgaço, ao Centro Cultural de Vila Bela da Santíssima Trindade e ao Batalhão do Corpo de Bombeiros do Distrito Industrial, dentre outras tantas obras.
A Associação Mato-Grossense do Ministério Público, atenta às tentativas de esmorecer o trabalho de combate à corrupção desenvolvido pelo Ministério Público brasileiro, repudia as agressões perpetradas contra um dos seus mais ilustres e dedicados profissionais. Cuiabá, 3 de março de 2020.
Rodrigo Fonseca Costa
Presidente da Associação Mato-Grossense do MP/MT
Márcio Florestan Berestinas
Diretor de Defesa Institucional da AMMP
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