LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), afirmou que são “infundadas e desconexas” as afirmações da Polícia Federal de que ele teria assumido uma dívida de R$ 17,8 milhões da empresa São Tadeu Energética, em 2010, e pagado parte do débito com dinheiro de esquemas de corrupção.
As suspeitas da PF estão contidas em relatório elaborado após a deflagração da Operação Malebolge, 12ª fase da Operação Ararath, da qual o ministro foi alvo. O relatório também trouxe o documento em que Maggi assumiu a dívida da empresa.
Conforme a Polícia Federal, parte dessa dívida teria sido paga por meio de esquemas do “conta-corrente” do esquema supostamente chefiado por Blairo, com auxílio do empresário Valdir Piran, do ramo de factoring.
Além dos documentos apreendidos, o relatório foi embasado nas delações do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do empresário Júnior Mendonça, assim como em declarações e documentos fornecidos pelo ex-secretário de Estado Eder Moraes.
Todavia, em nota, o ministro alegou que as suas relações comerciais com a Pequena Central Hidrelétrica São Tadeu “nunca envolveram dinheiro público e tudo ocorreu dentro da lei”.
“Maggi assinou como avalista do empréstimo perante ao banco credor, assumindo a dívida feita pela empresa São Tadeu Energética S/A e passou a ser o credor após quitar o banco, em operação absolutamente legal e realizada com recursos exclusivamente privados. A documentação sobre esta transição está toda registrada em cartório e à disposição dos órgãos competentes”, disse ele.
A documentação sobre esta transição está toda registrada em cartório e à disposição dos órgãos competentes
Blairo também afirmou que nunca manteve qualquer relação comercial e financeira com o empresário Valdir Piran.
“Por fim, ressaltamos a necessidade de cautela na investigação e apuração dos fatos apontados em declarações levianas, antes que haja um julgamento prévio baseado em ilações e mentiras”, diz trecho da nota.
Entenda o caso
No relatório, a PF citou que o ex-governador Silval Barbosa afirmou, em sua delação, que os então deputados Sérgio Ricardo e José Riva procuraram o à época governador Blairo Maggi, entre 2008 e 2009, para que este assumisse uma dívida de R$ 18 milhões que os dois teriam contraído junto ao empresário Valdir Piran.
O débito seria relacionado a pagamentos feitos por eles para a “compra” do apoio dos deputados aos projetos de interesse do Executivo.
Blairo, segundo a delação, teria concordado em assumir a dívida e determinado que o secretário Eder Moraes arrumasse uma maneira para solucionar a situação.
“Que foi a partir desse momento que se iniciou o sistema ‘conta corrente’ do governo Blairo Maggi, operado por Eder Moraes com Valdir Piran. Eu tomei conhecimento de que Eder Moraes passou a movimentar essa conta corrente criada com Valdir Piran, utilizando valores recebidos de Valdir Piran para os pagamentos dos compromissos do Governo de Blairo Maggi, com ciência desse (Blairo)”.
Uma das situações em que o sistema com Piran teria sido usado para solucionar problemas de Blairo envolveu a São Tadeu Energética S/A, que tem como sócio o empresário Mauro Carvalho Júnior.
A São Tadeu Energética S/A é responsável pela Pequena Central Hidrelétrica São Tadeu, que fica na região da Serra de São Vicente.
As investigações apontam que os empréstimos milionários obtidos pela empresa junto ao Bic Banco teriam sido concedidos de forma ilegal - sem garantia – e parte dos valores teriam retornado ao grupo político de Blairo.
“Documentos apreendidos nas diversas fases da Operação Ararath dão conta de que parcela da dívida da São Tadeu Energética S/A junto ao Bic Banco foi paga pelo sistema conta corrente do governo Blairo Maggi, através de Valdir Piran”, diz trecho do relatório, que mencionou promissória de R$ 5,9 milhões apreendida na Piran Factoring, que estava assinada por Mauro Carvalho Júnior.
A PF também citou que uma planilha apreendida na casa de Eder Moraes, referente a empréstimos concedidos pelo Bic Banco, consta o nome da São Tadeu Energética, “indicando que empréstimos foram tomados nas mesmas condições dos empréstimos investigados no IPL 232/2014-SRIDPF/MT”, ou seja, de forma irregular.
Na planilha citada, segundo o relatório, consta que a fonte pagadora dos empréstimos seria o devedor solidário, “fazendo referência, ao que tudo indica, a Blairo Borges Maggi, governador do Estado de Mato Grosso à época dos fatos”.
Isso porque outro documento apreendido mostrou que Blairo assinou um documento na condição de devedor solidário do empréstimo.
“Em 29/06/2010, Blairo Borges Maggi assinou como devedor solidário do empréstimo (Cédula nº 1102512), no valor de R$17.850.000,00, concedido pelo Bic Banco à empresa São Tadeu Energética S/A”.
Leia mais sobre o assunto:
PF: Maggi assumiu dívida de R$ 17,8 mi da São Tadeu Energética
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