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ÚLTIMAS NOTÍCIAS Segunda-feira, 24 de Setembro de 2018, 09:05 - A | A

24 de Setembro de 2018, 09h:05 - A | A

ÚLTIMAS NOTÍCIAS / FRAUDES NA SEDUC

Delação de empresário envolve deputado e ex-secretária

Allan Kardec e Rosa Neide foram citados em delação homologada pelo STF

PABLO RODRIGO
DO GAZETA DIGITAL



A delação do empresário Ricardo Augusto Sguarezi, um dos réus da ação oriunda da Operação Rêmora, atinge mais um deputado estadual e uma ex-secretária de Estado no suposto esquema de cobrança de propina na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) no governo Silval Barbosa. Trata-se do deputado estadual Allan Kardec (PDT) e da ex-secretária Rosa Neide (PT).

De acordo com o delator, quando Rosa Neide assumiu a Seduc em 2010, em substituição ao deputado federal Ságuas Moraes (PT) que disputaria o pleito daquele ano, “ela deu continuidade na cobrança de 3% do valor das obras tocadas pela Aroeira Construção iniciada por Ságuas em 2008”, diz trecho da colaboração que A Gazeta teve acesso.

Sguarezi conta que em maio de 2011, Nuccia Santos foi nomeada para a Superintendência de Acompanhamento e Monitoramento da Estrutura Escolar da Seduc, e teria ficado responsável pela cobrança e recebimento de propinas, “para abastecer o caixa do Partido dos Trabalhadores”, revela o empresário.

Allan Kardec me disse que iria conseguir dinheiro com a factoring e eu deveria efetuar o pagamento; Que a ordem da Seduc era que seria feito todos os esforços para eleger ele o candidato Lúdio Cabral

Ainda de acordo com Sguarezi, em 2012, durante as eleições municipais, o então candidato a vereador por Cuiabá, Allan Kardec, filiado ao PT na época, “veio em meu escritório e me apresentou Anderson Roriz, dono de uma Factoring; Que Allan Kardec me disse que iria conseguir dinheiro com a factoring e eu deveria efetuar o pagamento; Que a ordem da Seduc era que seria feito todos os esforços para eleger ele o candidato Lúdio Cabral (PT), que concorria à prefeitura de Cuiabá”, consta em outro trecho do depoimento, onde garante que a cobrança permaneceu até em 2014. 

A delação de Ricardo Sguarezi foi homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio de Melo. Além de reafirmar e complementar informações a respeito do esquema de fraudes e direcionamento de 23 licitações da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para construção e reformas de escolas, obras orçadas em R$ 56 milhões, ele envolveu personagens como os deputados federais Ságuas Moraes (PT) e Ezequiel Fonseca (PP). 

Segundo ele, tudo teria começado em 2008 quando buscava receber da Seduc as medições de uma obra da qual era responsável. Antônio Carlos Ioris, que atuava na Pasta, o procurou para explicar que o pagamento seria realizado, “caso o peticionante concordasse em pagar algumas dívidas de campanha e contribuísse para a eleição do deputado Ságuas Moraes”. 

Já em relação a Ezequiel Fonseca, Sguarezi informa que o parlamentar, quando atuava como secretário-adjunto de Estrutura Escolar da Seduc, teria lhe procurado e pedido “uma espécie de ajuda, entregando um carnê de financiamento de uma camioneta, para que fosse quitada em 11 vezes”. 

Como provas de suas declarações, Sguarezi entregou cópias de cheques, depósitos e troca de mensagens e e-mails com os acusados. A delação está em sigilo.

Acusados negam desvio de dinheiro público

O deputado estadual Allan Kardec (PDT) e a ex-secretária de Estado Rosa Neide (PT) negam as acusações do empresário Ricardo Sguarezi de um suposto esquema de cobrança de propina enquanto atuavam na Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Ambos disputam as eleições deste ano. Kardec buscando à reeleição e Rosa Neide uma vaga na Câmara Federal.

Allan Kardec, que hoje se encontra filiado ao PDT, disse por meio de sua assessoria de imprensa “que nunca participou de qualquer recebimento ou cobrança de propina”. “Eu ocupava um cargo técnico na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e que por nunca tive e nem quis ter a função para tratar de contratos ou grandes obras com empresas e empreiteiras”, afirmou. O deputado ainda diz que nunca tratou com ninguém sobre qualquer assunto relacionado a propina e desconhece qualquer assunto dessa natureza envolvendo Ricardo Sguarezi. 

“Vou acionar os meus advogados para tomar conhecimento dessa delação. É muito estranho esse tipo de acusação. É um absurdo. Principalmente durante o período eleitoral’, finaliza.

Já Rosa Neide disse por meio de nota que todas as ações da Seduc no período que esteve na Secretaria se deram dentro da legalidade e foram auditadas e aprovadas por diversos órgãos de controle. A candidata também diz desconhecer qualquer assunto que envolva possível delação premiada, que por ventura tente envolve -la em algo ilícito. 

A nota também diz que Rosa Neide nunca respondeu a nenhum processo administrativo e muito menos criminal, referente aos cargos que ocupou. ‘Ela lamenta essa tentativa irresponsável de atacar a sua honra em plena campanha eleitoral’. Ricardo Sguarezi teve a sua delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele também afirma que os deputados federais Ságuas Moraes (PT) e Ezequiel Fonseca (PP) também cobraram propina enquanto atuavam na Secretaria. Ambos negam as acusações.

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