LUCAS RODRIGUES E CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
A ex-primeira-dama e ex-secretária de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), Roseli Barbosa, prestou depoimento na Controladoria-Geral do Estado (CGE) na tarde desta segunda-feira (26).
O depoimento é relativo a uma investigação sobre o envolvimento de cerca de 100 empresas em esquemas de pagamento de propina na gestão do ex-governador Silval Barbosa, marido de Roseli.
A oitiva visa apurar eventuais prejuízos aos cofres públicos por atos registrados na administração passada. Em outubro de 2017, a CGE revelou que detectou um rombo de R$ 1,03 bilhão em contratos da administração passada.
“Eu estou tranquila. Meu conhecimento se resume a Setas, mas a quantidade de empresas e outros detalhes a CGE pediu para eu não falar, pois a investigação está sob sigilo. Eles tinham algumas dúvidas e o que eu podia esclarecer eu esclareci. São dúvidas relativas a empresas relacionadas à Setas, quando eu estive à frente da secretaria”, disse Roseli, em conversa com a imprensa logo após o depoimento (veja o vídeo ao final da matéria).
Eu estou tranquila. Meu conhecimento se resume a Setas, mas a quantidade de empresas e outros detalhes a CGE pediu para eu não falar
Roseli, seu marido, o cunhado e o filho Rodrigo Barbosa são delatores de dezenas de esquemas que culminaram na deflagração da Operação Malebolge. As delações foram homologadas pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Todas as empresas investigadas foram citadas nas delações da família Barbosa. A lista inclui empresas que, direta ou indiretamente, colaboraram ou foram beneficiadas com as fraudes comandadas pelo ex-governador no período em que ele comandou o Estado.
Como parte do acordo de delação, Roseli é obrigada a prestar esclarecimentos sempre que for convocada.
“A minha parte eu estou fazendo e no que eu puder ajudar, eu vou ajudar. A princípio o depoimento é só hoje, mas me coloquei à disposição se precisarem de mais esclarecimentos”, disse a ex-primeira-dama.
Além de Roseli, também prestou depoimento nesta tarde o irmão de Silval, Antonio Barbosa e o empresário Rodrigo Barbosa. Em janeiro, Silval já foi ouvido pela CGE.
A delação
Entre as empresas citadas por Silval e sua família estão a Três Irmãos Engenharia, Amaggi Exportações e Importações, Buffet Leila Malouf, Consignum, Consórcio VLT Cuiabá, Delta Construções, Engeglobal Construções, Grupo JBS, Trimec Construções, Rede Cemat e Grupo Martelli.
No caso do Consórcio VLT Cuiabá – Várzea Grande que é formado por CAF Brasil, CR Almeida, Santa Bárbara Construções, Magna Engenharia, Astep Engenharia, Cohabita Construções, Todeschini Construções e Terraplanagem, Constil Construções e Terraplanagem, o ex-governador narrou que R$ 18 milhões foram pagos ao grupo para que o contrato com o Estado fosse mantido.
O repasse correspondia a 3% do valor da obra e serviu para o pagamento de dívidas de campanha do grupo político do Silval, além de abastecer outros esquemas.
Na delação de Roseli, ela relatou esquemas nos convênios da Setas, que chegaram a resultar em sua prisão durante a operação Arqueiro, em 2015. Roseli também detalhou vantagens indevidas pagas por outras empresas que tinham contrato com a secretaria na época em que Roseli comandava a pasta.
Veja o vídeo das declarações de Roseli:
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