LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
Documentos apreendidos na casa do ex-secretário estadual de Fazenda, Eder Moraes, durante a busca e apreensão realizada em fevereiro de 2014, na 5ª fase da Operação Ararath, apontam que o político teria mantido uma espécie de “acordo” com um desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, hoje aposentado.
O suposto acordo, conforme o relatório da Polícia Federal, teria vigorado entre 2002 e 2003, época em que Eder Moraes havia saído do BicBanco e passado a presidir a agência MT Fomento, na gestão do ex-governador e hoje senador Blairo Maggi.
Atualmente, Eder está preso no Centro de Custódia da Capital.
Entre os documentos que embasaram as suspeitas da PF estão guias de depósito em favor do magistrado e uma carta escrita de próprio punho pelo desembargador, datada de janeiro de 2003, em que ele reclamava de sua situação financeira.
Em um dos trechos, o magistrado – que se aposentou em 2009 - diz que a “crise está mais preta” para o lado dele e não sabe o que houve em relação ao “acordado entre nós e a direção”.
“O certo é que preciso de seu apoio para minimizar meus problemas quando minha vida precária (sic). Preciso urgente e piedosamente falar com você, por gentileza ligue-me”, diz trecho da carta supostamente escrita pelo desembargador, que anotou três números de telefone para Eder Moraes lhe contatar.

Na segunda página da carta, o magistrado registra alguns nomes e várias contas, cujas cifras ultrapassavam a casa dos R$ 100 mil.
Para a PF, os registros, aparentemente, eram relacionados a dívidas.
“Chama a atenção a frase que diz que não sabe o que houve entre o ‘acordado’ entre nós e a ‘direção. Que tipo de relação teria um desembargador, atuante na área criminal, com a ‘direção’? Quem seria essa direção?”, questionou a Polícia Federal, no relatório.

Depósitos e cheques
No relatório, a Polícia Federal também trouxe à tona guias de depósito em favor do magistrado, por meio do BicBanco, nos valores de R$ 3,7 mil e R$ 37,5 mil, datados de dezembro de 2012 – menos de um mês antes de a carta ter sido redigida.
Também foram apreendidos, na casa de Eder Moraes, seis cheques emitidos pelo desembargador a pessoas diversas, com valores que variavam entre R$ 400 a R$ 1 mil.
Outro cheque de R$ 5,3 mil, emitido pelo magistrado, tinha o ex-secretário como beneficiário.
De acordo com a PF, o cheque em favor de Eder, aparentemente, foi devolvido.
A PF ainda apontou que, após o magistrado se aposentar, em 2009, ele recebeu depósitos bancários de outros investigados da Operação Ararath, “como Lucival Candido Amaral, dono da empresa LD Fomento, extinta em 23/09/2011, e Jânio Viegas de Pinho, sócio da JVP Factoring Fomento Mercantil”.
Os depósitos em favor do desembargador, conforme apurado pelo órgão, variaram entre R$ 3,8 mil e R$ 5,1 mil.
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