DO G1
A Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da Saraiva, maior rede de livrarias do país, que entrou com pedido na semana passada para reestruturar uma dívida no valor de R$ 675 milhões.
Em decisão proferida nesta segunda-feira (26), o juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, suspendeu por 180 as ações e execuções contra a Saraiva, "para que os credores não destruam o valor da organização empresarial".
O escritório Lucon Advogados foi nomeado como administrador judicial. O advogado Ronaldo será o responsável. O juiz fixou em R$ 100 mil a remuneração mensal da administradora judicial.
A companhia tem agora 60 dias para apresentar seu plano de reestuturação da dívida e pagamento aos credores.
Fundada há 104 anos, a Saraiva tem 85 lojas em 17 Estados do país e uma relevante operação de comércio eletrônico.
No final de outubro, a Saraiva anunciou o fechamento de 20 lojas em todo o país. Segundo a companhia, cerca de 700 funcionários foram desligados em todas as unidades de negócios da empresa.
Em nota divulgada ao mercado, a empresa disse que tem tomado "diversas medidas para readequar seu negócio a uma nova realidade de mercado" e que a recuperação judicial "é a medida mais adequada nesse momento, no contexto da crise no mercado editorial, reflexo do atual cenário econômico do país".
No segundo trimestre deste ano, a Saraiva teve prejuízo de R$ 37,6 milhões. No mesmo período de 2017, o prejuízo foi de R$ 16,6 milhões.
Entre abril e junho, a receita líquida da companhia somou R$ 364,5 milhões, uma queda de 1,6% na comparação com o segundo trimestre de 2017. A receita com lojas foi de R$ 227,9 milhões, queda da 4,1% no período, e com o e-commerce chegou a R$ 136,5 milhões, crescimento de 2,9%.
A companhia acumula de janeiro ao final de setembro prejuízo líquido de R$ 103 milhões, mais que o dobro em relação ao resultado negativo de R$ 50 milhões de um ano antes.
Segundo o último ranking Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo), a Saraiva é 52ª maior varejista do país, tendo registrado em 2016 um faturamento de R$ 1,89 bilhão. Fnac e Livraria Cultura apareciam, respectivamente, na 97ª e 120ª colocações.
O setor de livrarias enfrenta uma crise severa. No mês passado, a Cultura entrou em recuperação judicial. A empresa justificou a decisão pelo cenário econômico nacional adverso e pela crise no mercado editorial. Segundo a companhia, o setor encolheu 40% desde 2014.
Também em outubro, a Cultura encerrou as atividades de todas as lojas da rede Fnac – a empresa da família Herz tinha comprado a rede em julho do ano passado.
A Cultura acumula dívidas de R$ 285,4 milhões – a maior parte com fornecedores e bancos.
O segmento de livros, jornais, revistas e papelaria é a atividade com o pior desempenho do varejo brasileiro em 2018. Segundo dados do IBGE, no acumulado no ano até setembro as vendas têm queda 10,1%, ante uma alta média de 2,3% de todo o setor comercial.
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