JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO
O advogado Lázaro Roberto Moreira Lima, suspeito de ter participação no esquema de estelionato que resultou na prisão de cinco pessoas, inclusive seu irmão, o ex-vereador cassado João Emanuel, afirmou que não cometeu qualquer crime e que ele e sua família foram "vítimas" do empresário Walter Dias Magalhães Júnior, presidente do Grupo Soy.
Em entrevista ao MidiaNews, ele garantiu que tem documentos que provam a sua inocência, de João Emanuel e de seu pai, o juiz aposentado Irênio Lima Fernandes.
"Nós fomos vitimas desse ‘canalha’ do Walter e infelizmente só caiu a ficha quando li o depoimento dele".
Nesta semana, a Polícia divulgou o relatório final do inquérito policial da Operação Castelo de Areia, afirmando que, além de João Emanuel, Lázaro e Irênio sabiam do esquema desde o começo e inclusive teriam recebido dinheiro diretamente das vítimas.
A investigação apura crimes de estelionato supostamente praticados pela empresa Soy Group em todo o Estado. O prejuízo ultrapassa os R$ 50 milhões.
De acordo com a Polícia, “o cabeça” da organização criminosa seria João Emanuel, preso na operação e atualmente em prisão domiciliar.
Foram presos também pela suspeita de participação no esquema: Shirlei Aparecida Matsuoka, sócia majoritária da empresa; Walter Dias Magalhães Júnior (marido de Shirlei), presidente do Grupo Soy; Evandro Goulart, diretor financeiro do grupo; e o empresário Marcelo de Melo Costa, suposto "lobista" do esquema.
Durante a operação, o advogado Lázaro foi alvo de mandado de condução coercitiva.
“Somos inocentes”

“Eu to tentando entregar para a polícia esses documentos e eles não querem receber. A polícia só quer saber de me prender.
Lázaro Roberto afirmou possuir documentos que provam a inocência dele e de sua família. Ele disse que está tentando entregar os documentos à Polícia desde quando foi conduzido coercitivamente.
“Eu to tentando entregar para a Polícia esses documentos e eles parecem que não querem receber. Só querem saber de me prender. Não tem interesse nenhum em desvendar, porque se tivessem, tinham pegado esses documentos. Inclusive, quando foram fazer a busca e apreensão na minha casa, eu falei que tinha outros documentos em meu escritório, que eu entregaria de livre e espontânea vontade, porque quero que esse Walter pague. Onde já se viu fazer isso comigo, nunca fiz nada de ilícito”, disse o advogado.
Segundo o advogado, João Emanuel, Irênio e ele foram contratados apenas para advogar para o empresário Walter Dias. Lázaro disse que sua família nunca recebeu nada do empresário, nem mesmo o dinheiro dos honorários.
“Nós fomos procurados pelo Walter quando nem existia o Grupo Soy, era a empresa ‘ABC Shares’. Ele nos contratou em maio do ano passado, para trabalhar nas empresas que ele iria desenvolver. Ele falou que estava com muitos processos e que, por isso, precisava de nós”, disse.
“Ele disse que tinha a ideia de criar uma empresa maior, e pediu que ajudássemos, até aí tudo bem. Depois ele disse que nos pagaria R$ 1 milhão por ano, com contrato de cinco anos. Isso nos assustou e perguntamos de onde ele iria tirar esse dinheiro. Foi quando ele abriu a tela do computador dele e tinha um site de um banco estrangeiro. Ele disse 'olha quanto tenho aqui disponível', e nessa conta que eu vi tinha US$ 52 bilhões para fazer investimentos”.
O advogado disse que acreditou no que o empresário dizia, pois Walter sempre mostrava provas de que era lícito, e que só veio descobrir que o presidente da empresa era estelionatário quando viu o depoimento dele à polícia.
“Essa é a versão real dos fatos, nós fomos vitimas desse ‘canalha’ do Walter e infelizmente só caiu a ficha quando li o depoimento dele. Eu acreditava que ele estava com dificuldades de acessar o tal fundo internacional que ele dizia ter, para não pagar nossos honorários. Eu não quero ser preso e acusado de uma coisa que não fiz”, contou.
MidiaNews

O advogado disse que acreditou no que o empresário dizia, pois tudo que ele falava, sempre mostrava provas de que era lícito
As investigações concluíram que Lázaro Roberto também sabia do esquema, pois tanto ele quanto seu pai foram citados por Walter Dias Magalhães Júnior, presidente do Grupo Soy, em depoimento à Polícia.
No entanto, o advogado nega a acusação e cita que o intuito do empresário é tirar o foco de 'cima dele' e jogar para cima de João Emanuel, uma vez que o parlamentar é conhecido na mídia.
A proposta
Em sua versão, o advogado relatou que quando foram chamados para trabalhar com o empresário Walter Dias, foi feito um contrato registrado em cartório, no qual dizia que receberiam R$ 20 mil por mês, referentes aos seus honorários.
Porém, Lázaro disse que eles nunca teriam recebido o salário e continuavam a trabalhar na empresa, esperando receber um dia.
“Ele não nos pagou o que ficou acordado no nosso contrato, então falamos que não iríamos mais continuar com ele. Aí ele fez outra proposta, que era de abrir uma empresa nova e colocar um de nós como sócio, para garantir que ele nos pagaria”, explicou.
“Foi quando abriu o ‘Grupo Soy’ e colocou meu pai [Irênio] no capital social e disse que nos teríamos 12% do capital da empresa, que era para ser ‘pro forma’ [por pura formalidade] porque ele pagaria nossos honorários. A única pessoa que tinha poder de fazer algo na empresa era a Shirlei [mulher de Walter], e a única pessoa que ela passou uma procuração com poder para fazer tudo foi o Walter, pra gente veio uma procuração para advogar”.
De acordo com Lázaro, após terem aberto a empresa Soy Group, eles ainda continuavam sem receber pelo trabalho.
“Então ele veio com uma ideia novamente de criar uma empresa S/A [Sociedade Anônima]. Ele nos mostrou como seria. Foi quando ele apresentou, em reunião, uns cartões de visitas com nossos nomes, mas apenas para mostrar como seria nessa empresa. Nessa empresa ele chamava o João de CEO [Diretor Executivo] e toda sexta ele apresentava um gráfico de como seria essa empresa. Ele sempre nos iludindo, afirmando que nos pagaria, mas nunca pagou nada”.

Então ele fez uma dívida enorme em nome do meu pai, iludiu a gente, para poder tomar dinheiro nosso
Em mais uma das tentativas de receber os honorários, Lázaro disse que Walter apareceu com uma BMW X3 e pediu para que Irênio financiasse como parte dos honorários devidos.
“Nós acreditamos, então meu pai fez o financiamento e, ao invés dele nos entregar o carro como garantia, ele sumiu com esse carro e não pagou nenhuma das prestações. Meu pai pagou até quando pôde, depois deu busca e apreensão. Ficamos com a dívida sem ter o carro”.
Além disso, segundo o advogado, Walter sempre dava cheques sem fundos para eles, até que decidiram sair da empresa definitivamente em janeiro deste ano.
Com isso, conforme Lázaro, foi feito um contrato relatando todas as dívidas que o empresário fez no nome de Irênio para que ele assumisse.
“Foi quando falamos que não havia mais como continuar trabalhando para ele sem retorno nenhum. Então fizemos um destrato com ele no dia 6 de dezembro. Pedimos para deixar a empresa e fizemos ele confessar as dívidas que ele fez no nome do meu pai nesse contrato, e ele assinou como presidente ainda”, disse.
“Ele fez uma dívida enorme em nome do meu pai, iludiu a gente para poder tomar dinheiro nosso. Ficou nisso aí e ainda estamos como bandidos na história. Essa delação do Walter foi uma tentativa de tirar a esposa dele da cadeia, jogando todo o foco para cima do João, que tem o nome quente na mídia. E se fazendo de vítima, saindo de bonitinho ”.
"Castelo de Areia"
A operação Castelo de Areia foi deflagrada no dia 26 de agosto pela Polícia Civil, que apura crimes de estelionato supostamente praticados pela empresa Grupo Soy em todo o Estado. O prejuízo ultrapassa R$ 50 milhões.
Entre os alvos está o ex-vereador João Emanuel, apontado como líder do esquema.
Foram presos também pela suspeita de participação no esquema: Shirlei Aparecida Matsuoka, sócia majoritária da empresa; Walter Dias Magalhães Júnior (marido de Shirlei), presidente do Grupo Soy; Evandro Goulart, diretor financeiro do grupo; e o empresário Marcelo de Melo Costa, suposto "lobista" do esquema.
As vítimas eram pessoas com poder aquisitivo alto, como produtores rurais, empreiteiros e empresários.
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