CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
Preso na segunda fase da Operação Bereré, o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, foi encaminhado na tarde desta quinta-feira (10) à sede do Gaeco para ser interrogado pelos promotores e delegados que investigam um suposto esquema de fraudes e desvio de verbas no Detran-MT.
Ao chegar ao local, ele voltou a contestar os motivos alegados pela promotoria para a sua prisão e disse esperar que "tudo seja esclarecido".
“Tem muita gente falando coisas que não são verdade. Como disse ontem, pelo que pude ver no pedido, na decisão, alguém disse para alguém que contou para o MPE que pediu dinheiro em meu nome. Espero que tudo seja esclarecido”, disse à imprensa.
O possível envolvimento de Taques na trama foi revelado na segunda fase da operação Bereré, batizada de “Bônus”. De acordo com o Gaeco, o ex-secretário teria recebido R$ 2,6 milhões de propina para permitir a continuidade do esquema após a posse do governador Pedro Taques.
Tem muita gente falando coisas que não são verdade. Espero que tudo seja esclarecido
Sobre as afirmações da promotoria, Paulo Taques afirmou que está “absolutamente tranquilo” em relação aos fatos.
“Vou prestar depoimento aos promotores, aos delegados. Estou tranquilo, absolutamente tranquilo”, afirmou.
Questionado se o novo mandado de prisão contra ele traz impactos negativos ao governo Taques, do qual fez parte de janeiro de 2015 a maio de 2017, o ex-secretário preferiu não fazer projeções: “Aí tem que perguntar para o governador. Não faço mais parte do Governo há muito tempo”, desconversou.
O ex-chefe da Casa Civil chegou a ser preso em duas ocasiões no ano passado, sob suspeita de participar do esquema de grampos telefônicos clandestinos que operou no Estado e também por supostamente integrar uma articulação para prejudicar as investigações do caso, então a cargo do desembargador Orlando Perri.
Suposta propina
O empresário José Ferreira Gonçalves Neto, sócio da EIG Mercados Ltda., afirmou ter pago R$ 2,6 milhões de propina ao ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques para manter o contrato da EIG com o Detran-MT.
Em seu interrogatório, José Neto confessou ter autorizado o executivo José Kobori a negociar a continuidade do pagamento de propina - que já existia na época do ex-governador Silval Barbosa – com a atual gestão do Governo do Estado.
De acordo com o empresário, antes mesmo do resultado das eleições de 2014, Kobori já havia negociado a propina para a manutenção do contrato com Paulo Taques.
José Neto relatou ao Gaeco que Kobori sugeriu que a EIG pagasse a propina por meio de um contrato de prestação de serviços advocatícios com o escritório de Paulo Taques, que também tem como sócio o Jorge Taques, irmão de Paulo e amigo de infância de Kobori.
O contrato foi firmado no dia 6 de outubro de 2014, um dia após o resultado da eleição que consagrou Pedro Taques como o próximo governador de Mato Grosso.
Apesar disso, o empresário disse que optou por não pagar a propina por meio do contrato e sim através de pagamentos de “bônus” a Kobori, então presidente da EIG, que por sua vez repassaria os valores a Paulo Taques, “tendo restado acertado que o pagamento seria feito anualmente”.
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