LUCAS RODRIGUES E AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
O procurador do Estado aposentado Francisco Lima, o "Chico Lima", foi preso nesta quarta-feira à tarde, instantes depois de ser interrogado na audiência da ação da Operação Sodoma, no Fórum de Cuiabá.
A prisão, confirmada por um integrante do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), se deu em razão da Operação Seven.
Como possui ensino superior, a previsão é que, após passar pelo Instituto Médico Legal (IML), o ex-procurador seja encaminhado ao Centro de Custódia da Capital.
Na operação, Chico Lima é acusado de integrar suposto esquema que levou o Estado a comprar uma área de terra de 721 hectares na região do Manso, por R$ 7 milhões, que pertencia ao médico Filinto Corrêa da Costa.
Conforme o Gaeco, a compra foi uma fraude, pois área em questão já pertenceria ao poder público e foi readquirida com valor superfaturado.
À imprensa, o advogado de Chico Lima, Otávio Gargaglione Leite, afirmou que foi surpreendido pela prisão efetuada pelo Gaeco.
"Nós fomos surpreendidos quando ele estava saindo do Fórum. Ainda não tivemos acesso aos autos, que está retornando para o Ministério Público. A gente não teve acesso a nada ainda", disse.
"Ele estava bem tranquilo, a filha o acalmou. Agora estamos aguardando para ter acesso aos autos", contou o advogado.
Operação Seven
A operação, deflagrada no dia 1º de fevereiro, também levou à prisão o ex-presidente do Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso), Afonso Dalberto; o ex-secretário adjunto da antiga Secretaria de Estado de Administração, coronel José de Jesus Nunes Cordeiro.
Além deles, o ex-governador Silval Barbosa e o ex-secretário de Estado Pedro Nadaf (que já estavam presos por conta da Sodoma) tiveram a segunda prisão decretada. Já Filinto Corrêa da Costa foi submetido ao uso de tornozeleira eletrônica.
Também foram denunciados pelo Gaeco: o ex-secretário de Planejamento, Arnaldo Alves de Souza Neto; o ex-secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Wilson Gambogi Pinheiro Taques; e dois servidores da Secretaria Estadual de Meio, Ambiente Francisval Akerley da Costa e Cláudio Takayuki Shida.
De acordo com o Gaeco, em 2002, o médico Filinto Corrêa da Costa negociou com o Estado uma área de aproximadamente 3,2 mil hectares, pelo valor de R$ 1,8 milhão.
O imóvel em questão está localizado na Fazenda Cuiabá da Larga, entre Nobres e Rosário Oeste, e integra o “Parque Estadual Águas do Cuiabá”.
Segundo a denúncia, em 2014, Filinto Corrêa voltou a oferecer 721 hectares dessa mesma área, desta vez pelo valor de R$ 7 milhões, negócio que foi fechado em "tempo recorde".
Ainda na denúncia, os promotores de Justiça afirmaram que o grupo ligado a Silval Barbosa tentou simular que a área em questão seria remanescente daquela que o Estado havia comprado em 2002.
Como o trâmite para anexar a “nova área” ao parque não conseguiria ser finalizado até o final da gestão do governo, o Gaeco afirmou que o grupo fez uma manobra para reclassificar a área de “Parque Estadual” para “Estação Ecológica”, “cuja criação a Lei Federal n.° 9.985/2000 não exige a realização de estudos técnicos ou audiências públicas”.
A descoberta da duplicidade da compra da área ocorreu após relatório da Controladoria Geral do Estado, que atestou que o imóvel em questão já pertencia ao Estado desde 2002 e que houve um “sobrepreço no pagamento da área de pelo menos R$ 4 milhões”.
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