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VARIEDADES Terça-feira, 20 de Dezembro de 2016, 17:08 - A | A

20 de Dezembro de 2016, 17h:08 - A | A

VARIEDADES / DEPOIMENTO

Alan diz que entregou R$ 40 mil ao presidente da Assembleia

Guilherme Maluf nega e "lamenta" que empresário tenha usado seu nome para "denúncias infundadas"

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO



 O empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, afirmou em depoimento que entregou R$ 40 mil ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Guilherme Malouf (PSDB), a pedido do delator Giovani Guizardi, operador do suposto esquema de propina e fraudes em licitações da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

O empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, afirmou em depoimento que entregou R$ 40 mil ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), a pedido do delator Giovani Guizardi, operador do suposto esquema de propina e fraudes em licitações da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

Em nota, o deputado negou qualquer participação no esquema e afirmou que empresário e delator querem se "safar da prisão" (veja nota abaixo).

Que em determinada oportunidade pelo fato de Giovani Guizardi ter um compromisso, que não sabe qual é, o mesmo (Giovani) pediu que entregasse o envelope contendo R$ 40 mil para Guilherme Maluf, oportunidade em que Giovani disse, que era parte do Guilherme no esquema da Seduc

O depoimento foi prestado a promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) na sexta-feira (16), dois dias depois de ser preso na 3ª fase da Operação Rêmora, denominada Grão Vizir.

Segundo Malouf - que é primo do presidente da Assembleia -, Guizardi teria dito que o dinheiro seria a parte do “Guilherme” no referido esquema, já que o parlamentar “tinha o real poder político dentro da Seduc”.

“Que em determinada oportunidade, pelo fato de Giovani Guizardi ter um compromisso, que não sabe qual é, o mesmo (Giovani) pediu que entregasse o envelope contendo R$ 40 mil para Guilherme Maluf, oportunidade em que Giovani disse que era parte do Guilherme no esquema da Seduc, visto que as indicações dos servidores Moisés [Dias] e Wander [dos Reis] da Seduc, os quais participavam do esquema (seria indicação de Guilherme) e que sem a anuência dos mesmos, não seria possível a concretização do esquema”, diz trecho do depoimento.

No depoimento, Malouf disse que não lembra o local em que entregou o dinheiro para Maluf. Afirmou, porém, que o parlamentar não fez nenhuma indagação a respeito do dinheiro, recebendo-o de forma natural.

“Que nunca fez outra entrega de dinheiro “vivo” para Guilherme, e que nesta entrega o interrogando foi até o deputado estadual Guilherme Maluf, e procedeu a entrega do dinheiro ao Guilherme, relatando apenas que Giovani havia pedido para entregá-lo. Que se recorda que não houve qualquer indagação de Guilherme acerca do dinheiro, recebeu de forma natural e o interrogando saiu para outros compromisso; Que não se recorda, se a entrega se deu na casa de Guilherme ou no Hospital Santa Rosa”, afirmou.

O empresário negou ainda a declaração dada pelo delator Giovani Guizardi no seu acordo de colaboração premiada, de que ele deixava dinheiro dentro do banheiro da sua sala na sede administrativa do Buffet Leila Malouf. Na oportunidade, Alan confessou que recebeu aproximadamente R$ 260 mil do esquema na Seduc, diretamente de Giovani Guizardi.

“Que pode afirmar que a única vez em que Guilherme Maluf e Giovani estiveram juntos na empresa do interrogando foi uma vez em que encontraram-se casualmente e se recorda que Guilherme indagou a Giovani, o motivo que queriam tirar Wander da Seduc, oportunidade em que Giovani disse não saber de nada; Que nega ter visto Giovani colocar uma caixa com dinheiro no banheiro de sua empresa e que Guilherme teria pego a caixa, sendo que isso nunca ocorreu”, pontuou.  

25% da propina

Segundo ele, a propina era fixada em 5% sobre os valores que seriam recebidos pelas empresas que tinham contratos com a Seduc.

Deste montante, além dos 25% de Guilherme Maluf, segundo Guizardi, outros 25% eram destinados para o então secretário de Educação, Permínio Pinto; 25% para o empresário Alan Malouf; 5% para o ex-servidor da Seduc, Fábio Frigeri; 5% para o também ex-servidor Wander Luis dos Reis e 10% restantes ficavam para ele.

Os 5% entregues a Wander seriam “a titulo de administração do esquema (combustível, telefone celulares, energia, aluguel da sala comercial no Edifício Avant Garden – onde as reuniões do grupo criminoso eram realizadas – entre outras despesas)”, disse Guizardi, em seu depoimento.

Marcus Mesquita/MidiaNews

Alan Malouf

O empresário Alan Malouf prestou depoimento ao Gaeco na última sexta-feira

Operação Rêmora

A denúncia derivada da 1ª fase da Operação Rêmora aponta crimes de constituição de organização criminosa, formação de cartel, corrupção passiva e fraude a licitação. 

Na 1ª fase, foram presos o empresário Giovani Guizardi; os ex-servidores públicos Fábio Frigeri e Wander Luiz; e o servidor afastado Moisés Dias da Silva. Apenas Frigeri continua preso.

Em maio deste ano, o juiz Bruno D’Oliveira Marques, substituto da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, recebeu a denúncia.

Nesta fase, são réus na ação penal: Giovani Belato Guizardi, Luiz Fernando da Costa Rondon, Leonardo Guimarães Rodrigues, Moises Feltrin, Joel de Barros Fagundes Filho, Esper Haddad Neto, Jose Eduardo Nascimento da Silva, Luiz Carlos Ioris, Celso Cunha Ferraz, Clarice Maria da Rocha, Eder Alberto Francisco Meciano, Dilermano Sergio Chaves, Flavio Geraldo de Azevedo, Julio Hirochi Yamamoto filho, Sylvio Piva, Mário Lourenço Salem, Leonardo Botelho Leite, Benedito Sérgio Assunção Santos, Alexandre da Costa Rondon, Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri e Moisés Dias da Silva.

Na segunda fase da operação, foi preso o ex-secretário da pasta, Permínio Pinto. Ele foi posteriormente denunciado junto com o ex-servidor Juliano Haddad.

Neste mês foi deflagrada a terceira fase da operação, denominada “Grão Vizir”, que prendeu preventivamente o empresário Alan Malouf, dono do Buffet Leila Malouf.

A detenção do empresário foi decorrente da delação premiada firmada entre o empresário Giovani Guizardi e o MPE, onde Guizardi afirmou que Malouf teria doado R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques no governo e tentado recuperar os valores por meio do esquema.

A terceira fase resultou na segunda denúncia, que teve como alvos o próprio Alan Malouf, considerado um dos líderes do esquema, e o engenheiro Edézio Ferreira.

Outro lado

Em nota, o deputado Guilherme Maluf negou participação no esquema e afirmou que as declarações do empresário Alan Malouf e do delator Giovani Guizardi são "infudadas" para se safarem da prisão.

Veja a nota na íntegra:

Acerca das declarações prestadas por Alan Malouf em depoimento ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), no dia 16 de dezembro, o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Maluf, vem a público esclarecer que:

1) Tomou conhecimento do depoimento de Alan Malouf apenas pela imprensa, porém reafirma que não tem envolvimento com qualquer possível irregularidade ocorrida na Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

2) O parlamentar lamenta que, para se safar da prisão, Alan e Giovani Guizardi tenham ligado seu nome a denúncias infundadas, sem absolutamente nenhuma prova concreta.

3) A assessoria jurídica do deputado já foi acionada para tomar as providências cabíveis para o restabelecimento da verdade.

4) Por fim, Guilherme Maluf afirma que apoia as investigações e está à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento.

Leia mais sobre o assunto:

Delator diz que Permínio, Maluf e Alan ficavam com 75% da propina

Alan diz que pagou dívidas não declaradas de Taques em 2014

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