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VARIEDADES Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2016, 15:02 - A | A

22 de Dezembro de 2016, 15h:02 - A | A

VARIEDADES / PROPINAS

Alan diz que Leitão também teria se beneficiado em esquema

Em depoimento, empresário revelou que teve conhecimento da suposta participação de deputado

AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO



O empresário Alan Malouf, sócio do buffet Leila Malouf, afirmou que teve conhecimento de que o deputado federal, Nilson Leitão (PSDB), também poderia ter se beneficiado com parte do dinheiro arrecadado por meio da cobrança de propina de empresários, em suposto esquema existente na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), no ano de 2015.

De acordo com Alan, a participação de Leitão foi revelada pelo delator da Operação Rêmora, o empresário Giovani Guizardi, apontado como operador do suposto esquema.

A declaração foi dada na última sexta-feira (16), em depoimento ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). Alan está preso desde o dia 15 de dezembro, na 3ª fase da operação. 

Fazia questão de ressaltar que a pessoa do deputado federal Nilson Leitão também se beneficiaria economicamente, porém o interrogando não sabe se isso aconteceu

Sem maiores detalhes, em seu depoimento, Alan ainda afirmou que teve o conhecimento de que o deputado federal teria contratado um advogado em Brasília (DF) para acompanhar as investigações da operação.“Que quando Giovani Guizardi falava no nome de Permínio Pinto [ex-secretário da Seduc], sempre fazia questão de ressaltar que a pessoa do deputado federal Nilson Leitão também se beneficiaria economicamente, porém o interrogando não sabe se isso aconteceu e nem mesmo esteve com o referido deputado tratando desse assunto”, diz trecho do depoimento de Alan.

Declarações de delator

Além de Alan, em sua delação, Guizardi também apontou ao Gaeco que Leitão seria um dos beneficiados no esquema. Ele revelou que Leitão integrava o “núcleo de agentes políticos” de uma organização criminosa montada para desviar dinheiro da Seduc.

O delator ainda disse que os pagamentos de propina aconteciam sempre em dinheiro e eram realizados pelos empreiteiros que aderiram ao esquema.

Segundo o empresário, em duas oportunidades, entre os meses de junho e outubro de 2015, ele solicitou ao engenheiro eletricista Edézio Ferreira que fosse até uma agência do Banco Itaú, na região central de Cuiabá, para realizar pagamentos “pulverizados” que totalizavam R$ 20 mil.

“Essa pulverização se deu da seguinte forma: em cada uma das oportunidades foram realizados vários depósitos que, somados, atingiam R$ 10 mil; essa determinação partiu de Permínio Pinto [ex-secretário de Educação], em favor de Nilson Leitão”, diz trecho da delação.

Em interrogatório à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, o delator esclareceu que Leitão foi beneficiado, por meio de uma rádio de sua propriedade, no município de Sinop (500 km de Cuiabá).

“O Permínio uma vez me deu, em um papelzinho, o numero de uma conta para fazer o depósito de R$ 20 mil. Quem fez o depósito foi o meu funcionário, Edezio. Depois eu vi que quem foi beneficiada foi uma rádio de Sinop, do Nilson Leitão”, disse à magistrada.

Indicação de Permínio

Ao Gaeco, Alan ainda disse que a nomeação de Permínio Pinto na Seduc foi uma indicação de Leitão e do próprio governador Pedro Taques (PSDB).

“Afirma que não conhecia a pessoa do ex-secretário de Educação Permínio Pinto Filho, e que não foi responsável pela indicação do mesmo ao cargo na Seduc. Sabendo dizer que a indicação de Permínio foi feita pelo deputado Nilson Leitão e pelo governador Pedro Taques”, declarou.

Outro lado

Por meio de sua assessoria, o deputado Nilson Leitão afirmou que nunca discutiu com o governador Pedro Taques sobre a composição do secretariado estadual. Além disso, ele ressaltou que não conhece e nunca teve nenhum contato com o delator Giovani Guizardi.

"A 'dedução' deles é no mínimo irresponsável, pois em depoimento eles têm que dizer o que sabe, e não sobre o que deduz ou imagina, como ocorreu, em todo momento. Não há nenhum tipo de comprovação sobre algum ato ilícito", disse ao MidiaNews.

Dívidas não declaradas 

Marcus Mesquita/MidiaNews

Alan Malouf

O empresário Alan Malouf (de azul), durante depoimento ao Gaeco

Alan relatou ao Gaeco que ajudou o governador Pedro Taques a pagar por débitos não declarados de sua campanha eleitoral, em 2014. 

Aos promotores de Justiça, o empresário disse: “Ao final da campanha, houve um débito de campanha não declarado, sendo que Pedro Taques me pediu apoio para o pagamento desse débito. Ajudei nessa composição, mas não me recordo, por hora, do montante”. 

Alan relatou ao Gaeco que, em março ou abril de 2014, foi procurado por “seu amigo” Pedro Taques, em sua residência, ocasião em que o então senador lhe teria dito que gostaria de se candidatar ao Governo do Estado.

“Ele me solicitou ajuda no sentido de conseguir apoio de partidos e pessoas. O grupo de apoio à sua candidatura era formado por mim e outros empresários”, disse.

Segundo Alan, após vencer as eleições, Taques lhe perguntou se ele teria pretensão de ocupar algum cargo no Governo. Ele teria dito ao governador eleito que “não queria nada”.

Alan também disse aos promotores de Justiça que foi procurado por Giovani Guizardi, casado com sua prima Jamille Grunwaldi, que lhe relatou a ocorrência de um esquema na Seduc, com envolvimento de empresários do setor da construção e servidores da pasta.

“Ele me disse que havia descoberto um jeito de arrecadar o dinheiro referente aos pagamentos das dívidas da campanha do governador Pedro Taques. De pronto, eu recusei a participação no esquema. Mas, em uma segunda reunião com Giovani, decidiu aderir ao esquema deixando que ele gerenciasse tudo”, afirmou. 

Alan Malouf também confessou que recebeu aproximadamente R$ 260 mil do esquema na Seduc, diretamente de Giovani Guizardi. 

“Recebi o valor em três ou quatro vezes, por meio de envelopes contendo dinheiro que foram entregues em minha residência ou nas dependências da minha empresa”, afirmou. 

Operação Rêmora  

A denúncia derivada da 1ª fase da Operação Rêmora aponta crimes de constituição de organização criminosa, formação de cartel, corrupção passiva e fraude a licitação. 

Na 1ª fase, foram presos o empresário Giovani Guizardi; os ex-servidores públicos Fábio Frigeri e Wander Luiz; e o servidor afastado Moisés Dias da Silva. Todos estão soltos. 

Em maio deste ano, o juiz Bruno D’Oliveira Marques, substituto da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, recebeu a denúncia. 

Nesta fase, são réus na ação penal: Giovani Belato Guizardi, Luiz Fernando da Costa Rondon, Leonardo Guimarães Rodrigues, Moises Feltrin, Joel de Barros Fagundes Filho, Esper Haddad Neto, Jose Eduardo Nascimento da Silva, Luiz Carlos Ioris, Celso Cunha Ferraz, Clarice Maria da Rocha, Eder Alberto Francisco Meciano, Dilermano Sergio Chaves, Flavio Geraldo de Azevedo, Julio Hirochi Yamamoto filho, Sylvio Piva, Mário Lourenço Salem, Leonardo Botelho Leite, Benedito Sérgio Assunção Santos, Alexandre da Costa Rondon, Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri e Moisés Dias da Silva. 

Na segunda fase da operação, foi preso o ex-secretário da Pasta, Permínio Pinto. Ele foi posteriormente denunciado junto com o ex-servidor Juliano Haddad.

Neste mês foi deflagrada a terceira fase da operação, denominada “Grão Vizir”, que prendeu preventivamente o empresário Alan Malouf, dono do Buffet Leila Malouf. 

A detenção do empresário foi decorrente da delação premiada firmada entre o empresário Giovani Guizardi e o MPE, na qual Guizardi afirmou que Malouf teria doado R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques no Governo e tentado recuperar os valores por meio do esquema.  

A terceira fase resultou na segunda denúncia, que teve como alvos o próprio Alan Malouf, considerado um dos líderes do esquema, e o engenheiro Edézio Ferreira.

Leia mais:

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Delator: rádio de Nilson Leitão recebeu depósito de R$ 20 mil

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