CAMILA RIBEIRO E AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
A defesa do ex-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, classificou como “absurdo” o novo mandado de prisão expedido contra o ex-gestor em decorrência da Operação Seven, do Gaeco, que apura supostos desvios de R$ 7 milhões dos cofres públicos.
A prisão de Nadaf, do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e de mais dois acusados de participar do suposto esquema foi decretada pela juíza da Sétima Vara da Capital, Selma Arruda, na segunda-feira (1º).
Segundo as investigações do Ministério Público Estadual (MPE), Nadaf teria assinado – em conjunto com Silval – um decreto que possibilitou a compra, pelo Estado, de uma área rural de 727 hectares que já pertencia ao Poder Público, na região do Manso.
“Se tem alguma coisa a mais, eu não sei. Mas, decretar uma prisão só porque uma autoridade, um agente público, assinou um decreto, é realmente uma coisa absolutamente
Imagine se alguém nesse país pode ser preso só porque assinou um decreto, vamos ter que prender todos os ex-governadores, o ex-presidentes da República
temerária, absolutamente complicada”, disse o advogado Alexandre Abreu.
“Não é porque tem um decreto, uma irregularidade - se é que tem a irregularidade – que o caminho tem que ser a prisão do agente público. Imagine se alguém neste país pode ser preso só porque assinou um decreto. Vamos ter que prender todos os ex-governadores, os ex-presidentes da República. É isso que questiono”, completou.
Abreu afirmou que, somente na manhã desta terça-feira (2), teve acesso aos autos e, portanto, não sabe ao certo os motivos que resultaram em um novo mandado de prisão contra o ex-secretário, que já se encontra detido em decorrência de fatos investigados na Operação Sodoma.
“A operação foi uma grande surpresa. Nos deparamos com isso ontem, depois da audiência da Sodoma. O Pedro Nadaf foi notificado formalmente às 21h30. Não temos conhecimento dos autos. Acabei de receber aqui uma cópia do procedimento por parte do MPE. Agora vamos estudar, analisar, até para saber do que se trata”, disse.
Abreu esteve na manhã desta terça-feira na sede do Gaeco, mas afirmou que seu cliente, que também esteve no local, preferiu não se posicionar sobre a operação, já que eles não tiveram conhecimento dos autos.
“Colocamos aos promotores que não temos condições de falar sobre algo que não conhecemos”, afirmou.
Fuga é “imaginação”
Ao determinar as novas prisão dos ex-gestores, a juíza Selma Arruda citou o envolvimento dos políticos em fatos investigados na Operação Ararath, da Polícia Federal, e que dão conta que alguns dos envolvidos teriam desviado dinheiro para o exterior.
Como ele vai preparar fuga se está preso? Isso é imaginação. 'Acordei e disse: fulano vai fugir'. Isso é sonho, foge à realidade
Segundo a magistrada, este seria um indicativo de que, se ficarem em liberdade, eles poderiam tentar fugir a qualquer momento.
A tese, no entanto, foi rebatida pelo advogado de Nadaf, que disse ainda que o indicativo não passa de “imaginação”.
“O passaporte do Nadaf está depositado naquele juízo desde setembro, quando começou a Operação Sodoma. Nadaf e Silval são pessoas que têm grande vínculo com o Estado, não têm menor interesse em fugir e ficar foragidos mundo a fora. Isso é uma ilação”, disse Alexandre Abreu.
“Eles vão ficar aqui de cabeça erguida, responder processos, as acusações de cabeça erguida, assim como está ocorrendo nas audiências da Sodoma. Como ele vai preparar fuga se está preso? Isso é imaginação: 'Acordei e disse: fulano vai fugir'. Isso é sonho, foge à realidade”, completou o advogado.
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