DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO
O promotor de Justiça Roberto Turin, do Ministério Público Estadual (MPE), tomou, no dia 13 de junho passado, o depoimento do empresário Willian Mischur, da empresa Consignum. Ele foi convocado para prestar esclarecimentos em um inquérito, instaurado em abril deste ano, para apurar se houve pagamento de propina a membros do atual Governo Estadual em função da manutenção de um contrato com sua empresa.
Mischur foi um dos alvos da Operação Sodoma, e admitiu, em março passado, à Delegacia Fazendária, que pagou propina mensal de R$ 500 mil a R$ 700 mil ao ex-secretário de Estado César Zílio. O dinheiro era dividido com o ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
No depoimento a Turin, ao qual o MidiaNews teve acesso, o empresário disse que foi "vítima de extorsão durante o Governo Silval", fato que é objeto de investigação em outras ações na Justiça. E negou negou ter pago propina a membros do Executivo.
Ao MPE, o empresário disse que esteve em reuniões com o secretário Paulo Taques na Casa Civil. "Sendo que na primeira reunião o declarante procurou o secretário apenas para parabenizar a atual gestão pela vitória eleitoral. E, posteriormente, procurou o secretário para reclamar acerca da condução do processo de licitação para o contrato de getão de margem consignada, sendo que o declarante considerava que o processo estava sendo direcionado por empresas concorrentes". O empresário disse a Turin que recebeu do secretário "orientação para documentar e protocolar tudo a respeito do assunto". E que "não houve sugestão ou pagamento de propina nestas conversas".
O declarante afirma que nunca foi procurado e nem pagou propina em relação a este contrato para o secretário Paulo Taques ou para o governador Pedro Taques
Mischur disse também que "não conhece ou não se lembra de alguma pessoa com o nome de Zé Adolfo". José Adolpho Vieira é secretário-adjunto na Casa Civil.
R$ 1 milhão
O promotor de Justiça Roberto Turin também perguntou ao empresário sobre o R$ 1 milhão apreendido pelo Gaeco em suas residências, durante a Operação Sodoma. "O dinheiro não se destinava ao pagamento de propina para ninguém do atual Governo. Mas sim à despesas com o aniversário de sua filha, como contratos com buffet, decoração, banda, fotógrafos e outras despsesas, além de reformas em apartamentos e outras despesas pessoais que seriam pagas como dinheiro apreendido", diz o depoimento.
O empresário disse que tem documentos que comprovam a origem lícita do dinheiro. Ao final de seu depoimento, Mischur disse que não mantém relacionamento direto com Silval Barbosa - e que não sabe o que o ex-governador poderia saber acerca destes fatos, pois nunca conversou com ele sobre os mesmos.
Intrigas
O suposto pagamento de propina a membros do atual Governo, descartado pelo empresário ao MPE, foi um dos assuntos mais comentados nos bastidores, no primeiro semestre deste ano.
Por conta disso, foi formada uma rede de intrigas e houve, até mesmo, uma articulação para tentar derrubar o secretário Paulo Taques da Casa Civil.
O próprio governador chegou a convocar o secretário para tratar do assunto. Diante da posição de Paulo, que descartou com veemência qualquer possibilidade sobre conversas envolvendo propina, Pedro Taques resolveu mantê-lo na Casa Civil.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.