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VARIEDADES Domingo, 20 de Setembro de 2015, 14:30 - A | A

20 de Setembro de 2015, 14h:30 - A | A

VARIEDADES / CASO MAIANA

Ministério Público quer pena máxima para acusados de matar adolescente

Promotor Vinicius Gahyva sustenta que mentor do crime via a vítima como um "objeto"

THAIZA ASSUNÇÃO
DO MIDIANEWS



Serão julgados, na próxima quinta-feira (24), no Fórum de Cuiabá, os três acusados do assassinato da adolescente Maiana Mariano Vilela, morta aos 16 anos, em dezembro de 2011 na Capital.

O promotor do caso, Vinicius Gahyva, defende a pena máxima para os suspeitos: o ex-namorado da jovem, o empresário Rogério da Silva, e os os serventes Paulo Ferreira Martins e Alexandre Nunes da Silva.

"Ele procurou se livrar do problema criado por ele próprio, dando prova clara de que não enxergava na existência da vítima um ser humano, mas um objeto. E quando esse objeto não mais o interessava, ele resolveu dar cabo dele"

Ao MidiaNews, ele explicou que os acusados podem pegar 33 anos de cadeia, cada um, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

“O Tribunal do Júri de Cuiabá, de um modo em geral, tem surtido dos seus vereditos. Os casos são julgados com muita responsabilidade e imparcialidade, por isso, acredito que nesse crime em específico, diante de todas as provas, os suspeitos serão condenados a pena máxima. E é isso que o Ministério Público vai defender”, afirmou.

De acordo com o promotor, Maiana foi executada a mando de Rogério. Ele teria contratado os serventes, por R$ 5 mil, para assassinarem a garota. 

Os três chegaram a ser presos, na época, mas foram soltos pela Justiça para aguardarem o processo em liberdade.

A ex-mulher de Rogério Amorim, Calizângela de Moraes, também chegou a ser presa, mas a Justiça considerou que não há indícios da participação dela no crime, e por isso, ela não irá a julgamento.

“Frio e cruel”

Conforme Gahyva, Rogério Amorim, arquitetou o crime de forma “fria” e “cruel”.

“Ele criou uma situação para atrair a vítima a uma chácara pertencente à família dele. Lá, Paulo e Alexandre cometeram o assassinato com o emprego de asfixia, utilizando-se de um pano”, afirmou.

“Logo depois, os assassinos levaram o corpo da adolescente até onde o Rogério estava para que ele comprovasse a prática da execução do crime. Em seguida, eles se dirigiram até perto da Ponte de Ferro onde procederam a ocultação do corpo, enterrando a vítima na localidade”, completou.

Para o promotor, Rogério via a vítima como um “objeto”.

“Ele procurou se livrar do problema criado por ele próprio, dando prova clara de que não enxergava na existência da vítima um ser humano, mas um objeto. E quando esse objeto não mais o interessava, ele resolveu dar cabo dele”, disse.

“Abuso de poder econômico”

Segundo Gahyva, Rogério utilizou do seu poder econômico para poder atrair a vítima.

“A Maiana não conseguia enxergar o nível de exploração a qual estava sendo submetida. Isso acontece por vários motivos, mas principalmente, por conta dos valores que são deturpados pela sociedade, que cobra, de uma maneira em geral, uma relação de consumismo", afirmou Gahyva.

"Então, ela queria ter um celular, uma bolsa, uma sandália, uma roupa, queria frequentar determinados locais, mas por conta da situação financeira da família não conseguia e acabou sendo alvo do Rogério. E relações como essas acabam sendo muito conflituosas. Esse caso é a prova disso”, complementou.

Reprodução

O empresário Rogério da Silva Amorim, ex-namorado de Maiana Vilela (detalhe), e Paulo Martins, apontado como um dos autores do crime

Outros relacionamentos

Além de Maiana, o empresário também mantinha um relacionamento com pelo menos mais quatro adolescentes.

“Muitas delas trabalharam na empresa dele. Outras, como era o caso da Maiana, simplesmente eram patrocinadas pelo empresário para que ele pudesse estabelecer relacionamento intimo e extraconjugal”, afirmou o promotor.

À época do crime, conforme o promotor, essas meninas chegaram a ser ouvidas pela Polícia Civil e confirmaram a relação com Rogério, que era dono de uma empresa de pré-moldados.

O crime

Maiana Vilela desapareceu no dia 21 de dezembro de 2011.

Segundo investigações da  Polícia Civil, Rogério Amorim deu um cheque de R$ 500 para Maiana descontar no Banco Itaú, no bairro CPA I, em Cuiabá.

Ela teria que levar R$ 400 desse dinheiro para pagar um suposto caseiro, em uma chácara na região do Coxipó do Ouro.

O pagamento era parte do plano de Rogério para atrair Maiana para o seu algoz, conforme a Polícia.

A garota foi até a chácara, entregou o dinheiro para Paulo Martins, que a matou em seguida, por asfixia. Ele teve a ajuda de Alexandre Nunes.

O corpo da jovem foi enterrado em uma área afastada na estrada da Ponte de Ferro, a cerca de 15 km de Cuiabá e foi resgatado por policiais na manhã do dia 25 de maio de 2012, após todos serem presos.

Outro lado

A reportagem não conseguiu contato com o advogado Waldir Caldas, que defende o empresário Rogério Amorim.

O advogado de Alexandre Nunes da Silva também não atendeu às ligações.

Já a defesa do advogado do acusado Paulo Ferreira Martins, representado pelo advogado Wellington Silva, disse ao MidiaNews que o cliente sabe que vai ser condenado pelo caso, já que a época confessou que matou a adolescente.

“No entanto, vamos requerer os afastamentos das qualificadores que são os procedentes que agravam a pena, para que ele seja responsabilizado apenas dentro daquilo que cometeu, nem mais e nem menos”, disse.

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