DA REDAÇÃO
As investigações da Operação Sodoma revelaram que o ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB), teria repassado R$ 2 milhões em propina ao grupo do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
O pagamento seria em retribuição a um esquema montado dentro da Secretaria de Estado de Administração (SAD) para levantar fundos visando à campanha pela Prefeitura de

A importância foi entregue por intermédio de vários cheques, de emissão do grupo das gráficas vinculadas ao referido candidato [Walace]
Várzea Grande em 2012. Na época, Walace era deputado estadual.
A acusação consta na denúncia apresentada pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco.
O episódio só veio à tona graças à delação premiada do ex-secretário de Administração César Zílio, preso na segunda fase da Operação Sodoma, no dia 11 de março. Ele contou em depoimento à Delegacia Fazendária que, em 2012, foi procurado por Walace e pelos empresários Antônio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.
Segundo a denúncia, neste encontro Walace lhe ofereceu R$ 1 milhão para que auxiliasse a levantar fundos de campanha.
“Para tanto, solicitou providências para que o erário procedesse a pagamentos de serviços gráficos que não seriam prestados ou apenas parcialmente prestados, cujo valor seria destinado a sua campanha política”, consta na acusação do MPE.
Ainda segundo o depoimento de Zílio, o então deputado foi “categórico em estabelecer que o fornecimento seria forjado, com o propósito de levantar recursos para sua campanha e, ainda, que as providências deveriam ser adotadas o mais rápido possível”.
Zílio revelou ter ponderado que operações envolvendo tanto dinheiro não poderiam ser realizadas sem a autorização do ex-governador Silval Barbosa, citado na denúncia como “líder da organização criminosa”.
“Pode deixar que isso é um assunto que eu resolvo”, teria respondido Walace, assegurando, segundo o ex-secretário, que iria conversar com o então governador.
A suposta conversa com Silval ocorreu de maneira bastante célere, porque no mesmo dia Walace teria retornado ao gabinete de Zílio, informando já ter recebido autorização para levar o plano adiante.
Por ter permitido o esquema, Silval receberia outro R$ 1 milhão, totalizando R$ 2 milhões em propina.
Ainda conforme a acusação, Zílio revelou que os pagamentos pelos serviços fictícios deveriam ser feitos a “aproximadamente” cinco gráficas.
As investigações, no entanto, só conseguiram chegar a duas delas: Editora de Liz Ltda., de propriedade de Antônio Roni de Liz; e EGP da Silva ME, que pertence a Evandro Gustavo Pontes da Silva.
Ambos também foram denunciados por corrupção ativa. Na segunda fase da operação Sodoma, eles chegaram a ser conduzidos coercitivamente à Delegacia Fazendária.
Contratos
Em relação à editora De Liz, o Governo formalizou um contrato administrativo com o objetivo de "confecção de materiais publicitários", no valor de R$ 2.146.564,30.
Com a EGP da Silva, o contrato com o mesmo objeto ficou em R$ 2.850.528,06. Nos dois casos, os serviços não foram prestados.
A denúncia relata ainda que, após o pagamento do contrato por parte do Governo, Antônio de Liz teria entregado R$ 2 milhões pessoalmente a Zílio, em seu gabinete.
“A importância foi entregue por intermédio de vários cheques, de emissão do grupo das gráficas vinculadas ao referido candidato [Walace]”, relatou a denúncia.
“Naquele mesmo dia em que recebeu a propina, César Zílio, como sempre procedia, repassou a Silval a parte que lhe cabia, ou seja: R$ 1.000.000,00, adotando o procedimento usual deixando o dinheiro no banheiro do gabinete do governador”, afirmou a promotora.
Leia mais sobre o assunto:
“Pessoas são presas com base em delações sem comprovação”
Denúncia diz que Rodrigo era a "extensão do poder" de Silval
MPE faz organograma de como funcionava a "organização"; veja
MPE denuncia Silval, Wallace, Nadaf e mais 14 por esquemas; veja
Preso, filho de Silval chega à Defaz para prestar depoimento
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.