THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
O ex-procurador-geral de Justiça Paulo Prado afirmou que o ex-governador Silval Barbosa nunca protocolou uma denúncia no Ministério Público Estadual (MPE) sobre o suposto fato de estar sendo extorquido por deputados estaduais, durante sua gestão.
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó na manhã desta segunda-feira (2), Silval afirmou que falou sobre a extorsão para Prado e que “ficou por isso mesmo”, ou seja, o MPE nada fez com a informação.
O ex-procurador-geral confirmou que manteve conversa com o ex-governador sobre o caso e o orientou a oficializar a denúncia no MPE, o que, segundo ele, nunca aconteceu.
“Numa reunião que eu tive como procurador-geral no gabinete do governador para discutir vários assuntos de trabalho, o Silval no final chegou para mim e falou que estava sendo muito pressionado por deputados estaduais. Eu falei para ele chamar toda a assessoria dele para preparar um documento, uma representação, porque de boca você há de convir né...”, disse.
“Falei para ele preparar um documento circunstanciado dizendo o que estava acontecendo e, em seguida, protocolasse no MPE que nós íamos tomar as providências. Inclusive, cheguei a dizer para ele gravar, porque a lei ampara filmagens em caso de ameaças. Ele nunca fez isso. Ele nunca protocolou documento nenhum no MPE”, acrescentou.
Victor Ostetti/MidiaNews
O ex-governador Silval Barbosa, que prestou depoimento na CPI do Paletó
Para o ex-procurador-geral, o ex-governador quer agora “suavizar” a própria imagem e dar uma de "bom moço".
“É bom que se diga que o Ministério Público já estava investigando. E, aí, quando ele falou isso, eu disse para ele ajudar a gente, colocando isso no papel, mas ele nunca teve coragem", afirmou.
"Mas, independete disso, o Ministério Público propôs várias ações, inclusive ele [Silval] foi preso, deputados foram denunciados... Ele está querendo suavizar a imagem dele. Agora quer dar uma de bom moço. Isso que está acontecendo”, completou.
O depoimento
Silval foi convocado para depor na CPI que investiga suposta quebra de decoro e obstrução da Justiça por parte do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que foi filmado recebendo maços de dinheiro no Palácio Paiaguás.
Durante o depoimento, o ex-governador afirmou que chegou a pagar R$ 15 milhões ao ano em mensalinho aos deputados estaduais, durante a sua gestão, para que eles não atrapalhassem o andamento das obras da Copa do Mundo e do Programa MT Integrado.
Silval disse que falou sobre a extorsão dos parlamentares em duas reuniões com Paulo Prado. O ex-procurador-geral é concunhado de Emanuel Pinheiro.
“Não estou vinculando grau parentesco de nada. Não foi negado audiência. Quando um governador quer conversar com um presidente, não precisa deslocar, você convida e ele vem no gabinete. Foi o que foi feito. Em uma reunião com o doutor Paulo [Prado], eu falei o que estava acontecendo. Expliquei bem que não era só ali [Assembleia Legislativa], eram outros que estavam, como o Tribunal de Contas. Eu relatei que estava passando por uma série de problemas, com dificuldades das mais perversas para executar os programas de Governo”, disse Silval.
“Ele ficou de analisar e me dar uma resposta. Demorou um pouco. Falei novamente numa outra reunião. E, por fim, ele falou que era para gravar, para flagrar todo mundo. Eu disse que dava a ele todas as informações do que estava acontecendo para ele verificar, mas ficou por isso mesmo e eu toquei da forma que me sujeitei”, acrescentou o ex-governador.
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