ISA SOUSA
DA REDAÇÃO
Os procuradores José de Medeiros, Mauro Viveiros e Vivaldino Ferreira, do Conselho Superior do Ministério Público Estadual, que votaram na segunda-feira (6) pela continuidade das investigações sobre a possível participação do atual senador Blairo Maggi no “Escândalo dos Maquinários”, reiteraram, várias vezes, que todas as possibilidades quanto à responsabilização do ex-governador no caso devem ser exauridas.
O episódio, que ganhou repercussão nacional, resultou no desvio de R$ 44 milhões dos cofres públicos, em 2009, por meio de um esquema na compra de 705 máquinas e caminhões, que foram distribuídos aos 141 municípios de Mato Grosso.
José de Medeiros havia pedido vistas na última reunião do Conselho, no dia 19 de dezembro. Em seu voto, o procurador apresentou trechos de conversas relacionadas ao Escândalo e exemplificou fatos “estranhos”, que precisam ser esclarecidos.
“Todos sabem que, numa licitação acima de R$ 150 milhões, se faz necessária a audiência pública, o que não ocorreu. Além disso, não houve impugnação dos editais, mesmo sendo um valor tão alto, de mais de R$ 250 milhões. Outro ponto: um processo licitatório desta grandiosidade aconteceu em apenas um só dia. Todos esses fatos foram pormenorizados e devem ser investigados”, afirmou o procurador.
Para Vivaldino Ferreira, é preciso que todas as possibilidades quanto à participação e responsabilização de Maggi sejam investigadas.
“A continuidade das investigações é essencial para que todas as probabilidades quanto ao papel de Maggi nesse superfaturamento seja, de uma vez por todas, esclarecido. Tanto para proteger o coletivo, que vem em primeiro lugar, quanto ao próprio ex-governador”, disse.
Já para Mauro Viveiros, em um extenso voto, Blairo Maggi tinha o comando do Estado e deixou que um processo licitatório "nascesse na ilegalidade".
“Mesmo após uma auditoria mostrar irregularidades na licitação, Maggi continuou com os mesmos secretários (de Infraestrutura, Vilceu Marchetti, e de Administração, Geraldo de Vitto). Maggi já sabia, mas não mandou apurar antes, só depois da denúncia anônima do superfaturamento”, disse.
Ainda segundo o procurador, o ex-governador não seria desconhecedor dos valores dos caminhões e máquinas pesadas, para que os mesmos fossem comprados a valores tão altos.
“Maggi não pode ser considerado inábil. Ele sabe quanto custa um caminhão”, afirmou o procurador, em seu voto.
Ele também destacou que não é inadmissível embasar o arquivamento em depoimentos de ex-secretários, servidores e fornecedores, que, para ele, "estão unidos para camuflar o esquema".
Votos
Além de José de Medeiros, Vivaldino Ferreira e Mauro Viveiros, os procuradores Edmilson da Costa Pereira, Luiz Eduardo Jacob e Luiz Scaloppe já haviam se mostrado favoráveis à continuidade das investigações, em dezembro passado.
A favor do arquivamento, na sessão de segunda-feira, apenas a procuradora Eliana Cícero de Sá Maranhão Ayres votou neste sentido.
O procurador-geral Marcelo Ferra, bem como os procuradores Mauro Delfino e Paulo Prado, também haviam apresentado o mesmo posicionamento em dezembro.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.