GILSON NASSER
DA REDAÇÃO
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e a Energisa têm vetado a conexão de novas miniusinas solares em Mato Grosso. As miniusinas atendem consumidores de médio porte, que consomem acima de 75 kilowatts de inversor — o que representa, aproximadamente, 200 placas solares.
A Associação dos Engenheiros Eletricistas de Mato Grosso chegou a se reunir com a Energisa para entender os motivos dos vetos e discutir possíveis soluções. Todavia, as informações repassadas pela concessionária não foram animadoras.
De acordo com o engenheiro Ruah Carlos, diretor financeiro da associação, os vetos ocorrem devido ao alto número de oscilações na geração de energia solar durante o dia. As hidrelétricas, segundo ele, não têm conseguido suprir a demanda nesses momentos de instabilidade.
"Isso está gerando problemas de sincronismo entre as hidrelétricas e a nossa rede. Quando a usina solar atinge pico de produção durante o dia e, de repente, essa produção cai devido à oscilação, as hidrelétricas não conseguem reagir de forma significativa e imediata — questão de segundos — para suprir essa demanda em Mato Grosso", explicou o engenheiro, pontuando que, segundo o ONS, a situação é alarmante caso novas usinas continuem sendo conectadas.
"Estamos correndo o risco de sofrer apagões em Mato Grosso. Por isso, o ONS, junto com a Energisa, começou a indeferir os pedidos de novas conexões de usinas solares de minigeração no nosso estado", frisou.
Ruah Carlos adiantou que a Energisa garantiu que quem já possui usina conectada não terá problemas com suas atividades, e que aqueles com parecer aprovado terão um prazo para efetuar a conexão. "Agora, todos que entrarem com novos pedidos em Mato Grosso terão os projetos indeferidos pelo mesmo tipo de problema", pontuou.
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Em relação à solução para o problema, a concessionária explicou que seriam necessárias novas linhas de transmissão no estado. Porém, devido a todo o processo burocrático, isso só deve se concretizar em um prazo mínimo de cinco anos.
"De certa forma, isso matou esse tipo de investimento em Mato Grosso, por enquanto", lamentou.
Para o diretor da associação, é necessária a união da classe política com os técnicos para intervir na situação e garantir o crescimento do consumo de energia limpa e renovável, que ainda gera economia aos consumidores.
Micro usinas
O diretor da Associação dos Engenheiros Eletricistas também destacou que a decisão em relação às miniusinas — que atendem consumidores de grande porte — não afeta as microusinas, voltadas para pequenos consumidores, como residências e pequenos comércios.
"Elas equivalem a 40% de todo o crescimento da energia solar que registramos no estado, e são proporcionais ao crescimento das cargas em Mato Grosso. Quando se instala uma usina de microgeração, provavelmente há outras três ou quatro casas sendo construídas, comprando equipamentos elétricos e aumentando o consumo. Então, a microgeração é compatível com o crescimento do estado, por enquanto", assinalou.
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