DA REDAÇÃO
A enfermeira-chefe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Lígia Cristiane Arfeli, questionou a suposta eficácia da integração do atendimento médico ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), em Mato Grosso, e como isso contribui para a agilidade no atendimento às ocorrências.
Em entrevista ao MídiaJur, ela afirmou que a mudança não trará agilidade ao processo de atendimento e que tal medida desrespeita a legislação federal — especificamente a Portaria nº 2040, que trata da regulação médica — destacando que os enfermeiros do Samu são civis que necessitam de orientação especializada.
Ela ainda explicou que um atendimento demanda intervenção médica, pois, em determinados casos, não há tempo hábil para que a equipe chegue ao local, o que pode levar a um óbito. Por esse motivo, a presença do médico é essencial para orientar as pessoas sobre o que fazer até a chegada dos paramédicos.
"Vou dar um exemplo para você... Quando você tem um paciente engasgado, uma pessoa que está engasgada, não dá tempo de a ambulância chegar de jeito nenhum. Pode ser até de helicóptero, não dá tempo. O engasgo é uma emergência, então o médico vai dar todas as orientações para a pessoa que está ao lado da vítima socorrê-la, realizar o desengasgo até a ambulância chegar", explicou.
Desde a última quinta-feira (10), o número de emergência 192, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), passou a operar de forma integrada ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), em Mato Grosso.
A medida faz parte de um projeto de cooperação técnica entre os órgãos estaduais e, nesta primeira fase, atenderá Cuiabá, Várzea Grande e Chapada dos Guimarães. O objetivo é otimizar o tempo para que os pacientes sejam atendidos rapidamente. No entanto, a medida descumpre determinadas normas estabelecidas em um decreto legislativo assinado em 2020.
A enfermeira do Samu ressaltou que chegar mais rápido não significa que o paciente receberá um atendimento mais eficaz. "Por isso que nós somos o Samu: pessoas civis que prestam atendimento especializado pré-hospitalar. Nós somos aptos para fazer isso", declarou.
O presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde de Mato Grosso, Carlos Mesquita, criticou a falta de transparência do governo estadual na assinatura do termo que determina a união dos serviços.
"O governo, para burlar esse decreto, utilizou-se do termo de cooperação técnica para transferir a regulação médica do Samu para o Ciosp. Mas ninguém teve acesso a esse termo", afirmou em entrevista à imprensa.
O presidente esclareceu que não é contra parcerias, desde que sejam respeitadas as normas médicas previstas pelo Ministério da Saúde.
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