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As tarifas aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros dá um mote para a campanha de Lula para 2026 ao fornecer um inimigo externo para o país, destacou a professora de relações internacionais Denilde Holzhacker ao UOL News, do Canal UOL.
O presidente dos Estados Unidos anunciou a aplicação de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
"O Trump deu de presente para o governo um slogan, e mais do que um slogan, deu um inimigo externo. O governo estava muito no embate interno na questão do bolsonarismo e na questão da defesa da democracia. Agora, a gente tem um inimigo externo".
Isso acaba sendo um elemento muito importante para uma campanha presidencial. Então, não é só a união, porque temos interesse em comum. É porque estamos sob ataque de um país da proporção dos Estados Unidos contra o Brasil. Então, acho que isso dá muita força".
"Lida com um aspecto forte que a gente tem na sociedade brasileira, que é uma desconfiança sobre os interesses americanos e a atuação dos Estados Unidos. A gente tem um histórico de intervenção americana na América Latina. Ela ainda é muito presente em outros países, mas também no Brasil. Então, explorar isso é importante".
- Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais.
A especialista ressalta que, além de um inimigo externo, o tarifaço pode fortalecer o discurso de justiça social que o governo já tem buscado adotar para si. Para Denilde, o êxito de Lula pode ser ainda maior se grupos bolsonaristas de alta renda que criticam aumento de impostos como o do IOF forem a favor da taxação promovida por Trump.
"Em relação ao mote da justiça social, o governo conseguiu encontrar outro elemento forte, que é a questão de ter ações para taxar os ricos".
"E, se a gente tiver nesse processo uma lógica dos grupos de apoio ao bolsonarismo de alta renda ainda associando a essa ideia de que eles têm uma visão ideológica favorável à taxação que o Trump está fazendo mais forte ainda o argumento do governo. Então, você tem um inimigo externo e atores internos que também contribuem para essa lógica".
"Agora, o governo precisa também fazer ações que mostrem impacto na vida das pessoas para que as tarifas não impactem no dia a dia, no aumento de preços e na situação econômica do país".
Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais
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