GIOVANA GIRALDELLI
DA REDAÇÃO

Nesta quinta-feira (10), o deputado estadual Xuxu Dal Molin (União) promoveu uma moção de aplauso ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em gesto de apoio à ação anunciada pelo norte-americano, que incluiu um ‘tarifaço’ de 50% sobre produtos brasileiros importados. A manifestação ocorre no mesmo momento em que Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (9), criticando a condução da democracia no Brasil e a atuação do Supremo Tribunal Federal.

Para Dal Molin, a posição de Trump reforça a luta por “liberdades constitucionais” e representa um respaldo internacional à direita brasileira. Em discurso na Assembleia Legislativa, o deputado afirmou que o republicano tem “tentado ajustar a geopolítica do mundo” e se mostrado sensível ao que chamou de “desmandos” e “perseguições” no Brasil, defendendo Trump.

“Nunca teve na história do país um ex-presidente tão perseguido. Apoiar a nossa democracia, a nossa Constituição e o Estado Democrático de Direito é o mínimo que a gente faz”, concluiu.

A moção, no entanto, pode ter instigado desconforto em setores ligados ao agronegócio, base eleitoral e econômica do parlamentar em Mato Grosso. Isso porque as novas tarifas anunciadas por Trump afetam diretamente exportações brasileiras, especialmente de carne e produtos agrícolas.

OUTRO LADO

De acordo com a assessoria do deputado Xuxu Dal Molin, a moção foi motivada por uma declaração pública feita por Trump no último dia 8 de julho, na qual expressou preocupação com o cenário político e judicial do Brasil e defendeu os princípios democráticos como o voto popular e o devido processo legal. A manifestação do presidente norte-americano ganhou destaque entre aliados do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, ao qual Trump fez menção direta, demonstrando solidariedade e apoio em meio aos desdobramentos judiciais enfrentados pelo líder conservador brasileiro, que tem sofrido constante perseguição.

“Essa manifestação do presidente Trump é mais do que um posicionamento político. É uma reafirmação da importância da democracia como valor universal. Ele se colocou ao lado de milhões de brasileiros que clamam por justiça, legalidade e respeito às liberdades individuais”, declarou o deputado.

Apesar da coincidência temporal com o recente anúncio de Trump sobre a possibilidade de retomar tarifas sobre produtos brasileiros, o deputado afirmou que a moção foi apresentada antes da fala sobre taxações, e que isso não altera o teor ou a intenção do reconhecimento. "Nosso foco foi a defesa dos princípios democráticos, e não questões comerciais ou econômicas", disse.

Ainda segundo a moção, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso expressa seu “reconhecimento público” à fala do presidente americano, apontando que “a defesa da democracia transcende fronteiras e deve ser celebrada como compromisso universal com a civilização e a justiça”.

(Atualizada às 15h07)

Veja vídeo do pronunciamento de Xuxu:

TARIFAÇO

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mandou nesta quarta-feira (9) uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A nova taxa deverá entrar em vigor em 1º de agosto.

Ao justificar a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou Jair Bolsonaro e disse ser "uma vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).

No documento, o americano afirmou, sem provas, que a decisão de aumentar a taxa sobre o país foi tomada "em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos".

"Como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro", escreveu Trump.

Segundo a carta, a tarifa de 50% será aplicada sobre "todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os EUA, separada de todas as tarifas setoriais existentes".

Produtos como o aço e o alumínio já enfrentam tarifas de 50%, o que impacta diretamente a siderurgia brasileira.

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